Mahsa Amini morreu há um ano. E as vozes não se calam
Assinala-se este sábado o primeiro aniversário da morte de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana que foi detida e violentamente espancada pela polícia da moral do Irão por infração ao rígido código de vestuário feminino do país.
A jovem, acusada de usar indevidamente o ‘hijab’ (véu islâmico), morreu num hospital de Teerão três dias após a detenção, desencadeando uma onda de protestos civis, com repercussão à escala internacional.
Depois disso, o que aconteceu?
Os protestos nacionais, que se prolongaram durante meses e foram marcados inicialmente por palavras de ordem a apelar à liberdade e à defesa dos direitos das mulheres iranianas, evoluíram e começaram a exigir o fim da República Islâmica.
A contestação nas ruas acabaria por extinguir-se após uma repressão que causou 500 mortos, milhares de detidos e a execução de sete manifestantes, um deles em público.
E agora? Ainda se fala no tema?
Na véspera do aniversário da morte de Mahsa Amini, os Estados Unidos e a União Europeia (UE) impuseram novas sanções a indivíduos e a entidades relacionados com o regime de Teerão.
No país, e segundo o relato das agências internacionais, vivia-se na sexta-feira um clima tenso e de inquietação, com uma forte presença policial nas ruas, rigorosas advertências governamentais e poucos apelos à contestação.
Os ativistas afirmam que a repressão se intensificou com a proximidade do aniversário, especialmente contra pessoas próximas às vítimas dos protestos. A ONG Human Rights Watch indicou que familiares de pelo menos 36 pessoas assassinadas ou executadas foram interrogados, detidos, perseguidos ou condenados à prisão no último mês.
Com isto, as vozes vão calar-se?
Nem por isso, já que há vozes que Teerão não conseguiu silenciar. A previsão é de várias personalidades iranianas e norte-americanas, transmitida durante a semana num debate sobre "A Morte de Mahsa Amini: Um ano de Protestos e Reflexões sobre o Futuro", organizado conjuntamente pelo Instituto para as Mulheres, Paz e Segurança da Universidade de Georgetown, pela organização Freedom House e pela Sociedade Cultural Iraniana.
- Azar Nafisi, escritora irano-norte-americana e professora universitária nos Estados Unidos: "A luta pela emancipação da mulher no Irão não vai parar. Ninguém vai continuar a tirar-nos a dignidade, integridade e identidade, pelo que vamos continuar a combater pelos direitos das mulheres".
- Victoria Taylor, subsecretária de Estado Adjunta para o Iraque e Irão do Gabinete para as Questões do Médio Oriente da administração de Joe Biden: "O Irão continua a violar todos os tratados internacionais associados aos direitos humanos, que assinou, razão pela qual os Estados Unidos têm continuado a impor sanções económicas a personalidades e entidades iranianas que continuam a transgredir estes preceitos. Já aplicámos 70 ordens de sanções, até ao ministro do Interior [iraniano, Abdolreza Rahmani Fazli]".
- Melanne Verveer, diretora-executiva do Instituto para as Mulheres, Paz e Segurança da Universidade de Georgetown: as mulheres iranianas “apesar da “repressão brutal, nunca serão silenciadas” e que a luta “contra os alicerces do regime vai continuar”.
A prova de que as vozes não se calam é o que se vê no dia de hoje em vários países, onde se assinalada a data da morte de Amini com inúmeras iniciativas. Por exemplo, em Berlim e em Milão surgiram cartazes como forma de protesto contra o Irão e outros como apoio às mulheres iranianas. Em Melbourne foi realizada uma marcha de protesto.
Como reage o Irão a todos os protestos?
Apesar da maior visibilidade e atenção política dos protestos globais, o movimento ainda não conseguiu ameaçar os alicerces do regime teocrático liderado pelo ayatollah Ali Khamenei.
A repressão brutal contra os dissidentes torna-se cada vez mais terrível e o Irão continua a cultivar redes complexas de evasão às sanções financeiras e comerciais que minam os esforços para responsabilizar o regime, defende o Instituto da Universidade de Georgetown.
De recordar que o Parlamento iraniano prepara também um projeto de lei conhecido como "Apoio à cultura do hijab e da castidade" que prevê sanções muito mais severas para o descumprimento do código de vestuário das mulheres.
Por tudo isto, os Estados Unidos, o Reino Unido, a União Europeia, o Canadá e a Austrália anunciaram sanções contra autoridades e entidades iranianas, nas vésperas do aniversário da morte de Amini.
O Irão criticou as "ações e declarações intervencionistas e as ridículas e hipócritas" demonstrações de apoio ao movimento de protesto, nas palavras do porta-voz da diplomacia iraniana, Naser Kanani.
Onde está a família de Mahsa Amini?
No dia de hoje soube-se também, segundo a ONG Hengaw, que o governo enviou forças de segurança adicionais para Saqez e outras cidades no oeste que poderiam tornar-se focos de conflito durante o fim de semana.
Além disso, a organização denunciou neste sábado que "forças repressivas" estavam posicionadas em torno da casa da família Amini em Saqez. Depois, garantiu que "as forças de segurança detiveram Amjad Amini e levaram-no depois novamente a casa, após ameaçá-lo devido à celebração do aniversário da morte da sua filha".
Refira-se que Amjad Amini foi levado, nas últimas semanas, pelo menos quatro vezes para ser inquirido por várias forças de segurança, que o pressionaram e desrespeitaram, segundo relata a Hengaw.
Na sua página na internet, apesar das advertências das autoridades, a família Amini deixou um pequeno comunicado. "Como qualquer família enlutada, nós, a família Amini, vamos reunir-nos no túmulo da nossa amada filha, Jina (Mahsa) Amini, no aniversário da sua morte, e vamos realizar cerimónias tradicionais e religiosas."
*Com agências
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