No texto de opinião, divulgado um dia antes de o Partido dos Trabalhadores (PT) registar a sua candidatura, Lula da Silva, que está preso desde abril, volta a defender a sua inocência e justifica a sua prisão como parte de um golpe articulado por forças conservadoras.

“A minha prisão foi a última fase de um golpe em câmara lenta destinado a marginalizar permanentemente as forças progressistas no Brasil. Pretende-se impedir que o Partido dos Trabalhadores seja novamente eleito para a Presidência”, afirmou.

“Com todas as sondagens a mostrar que eu venceria facilmente as eleições de outubro, a extrema direita do Brasil está a tentar tirar-me da disputa. A minha condenação e prisão são baseadas somente no testemunho de uma pessoa, cuja própria sentença foi reduzida em troca do que ele disse contra mim. Por outras palavras, era do seu interesse pessoal dizer às autoridades o que elas queriam ouvir”, acrescentou.

O ex-Presidente brasileiro voltou a criticar o juiz Sérgio Moro, que o condenou em primeira instância num dos processos da Operação Lava Jato, dizendo que é vítima de uma perseguição judicial articulada por este magistrado e outros membros do sistema judicial brasileiro.

“Eu não peço para estar acima da lei, mas um julgamento deve ser justo e imparcial. Estas forças de direita condenaram-me, prenderam-me, ignoraram a esmagadora evidência de minha inocência e negaram-me ‘habeas corpus’ [recurso judicial] apenas para tentar impedir.me de concorrer à Presidência”, destacou.

“Eu peço respeito pela democracia. Se eles querem derrotar-me de verdade, façam-no nas eleições. Segundo a Constituição brasileira, o poder vem do povo, que elege os seus representantes. Então, deixem o povo brasileiro decidir. Eu tenho fé que a justiça prevalecerá, mas o tempo está a correr contra o democracia”, concluiu.

Lula da Silva está preso desde 07 de abril e possivelmente será impedido de concorrer nas eleições presidenciais porque foi condenado em duas instâncias da justiça brasileira.

O antigo Presidente foi acusado de ter recebido um apartamento do luxo na cidade litoral do Guarujá como suborno da construtora OAS em troca de favorecer contratos da empresa com a petrolífera estatal Petrobras, mas o processo ainda corre em tribunais superiores.