Em comunicado hoje divulgado, os provedores João Paulo Guerra e Jorge Wemans fizeram seis recomendações que os canais e estações de rádio da RTP devem cumprir na próxima época de futebol, nomeadamente de que a “RTP deve abster-se de dar a voz a todas as figuras conhecidas por fomentarem o estilo incendiário”.

Já quando essas figuram ocupam lugares institucionais, dizem, os seus depoimentos devem “ser reduzidos ao estritamente necessário imposto pela agenda informativa”.

Defendem ainda que a RTP deve “reduzir o número e a importância conferida às notícias sobre futebol nos serviços informativos”, para que cumpra o objetivo de “oferecer informação diversificada e atenta aos vários temas que marcam a atualidade”, e recordam que muitas modalidades só têm visibilidade pelo serviço público, pelo que deve ser-lhes dada “atenção, cobertura e notoriedade que lhes permita progredir em termos de público e praticantes”.

Sobre os trabalhadores, dizem que a RTP “devem defender os seus profissionais e proporcionar-lhes meios de defesa jurídica quando eles sejam acusados sem provas, injuriados por sistema e mesmo agredidos fisicamente, como aconteceu no final da Taça de Portugal de futebol, no Jamor”.

Dirigido apenas à televisão, pedem os provedores que haja a “quebra do quase monopólio que os ditos ‘três grandes’ clubes detêm no canal que emite debates sobre futebol nacional”.

Para João Paulo Guerra e Jorge Wemans, a RTP3 “não pode deixar de igualmente oferecer um outro programa em que regularmente participem adeptos dos restantes clubes da I Liga”.

Na rádio, por sua vez, querem que na transmissão de futebol haja “mais relato e menos comentários nos 90 minutos de jogo”.

Os provedores do ouvinte e do telespetador da RTP fazem estas recomendações, apesar de considerarem que por várias vezes o serviço público de rádio e televisão se absteve de veicular acusações de agentes e intermediários desportivos sem provas, de participar em alegadas conferências de imprensa sem direito a perguntas ou não ter albergado “nenhum dos programas em que o insulto, o excesso e a gritaria são a imagem de marca”.

Contudo, dizem, “pode e deve fazer mais, sobretudo tendo em conta a gravidade da situação a que se chegou e que ameaça contaminar todo o espaço público de debate e discussão”