Em comunicado, as fundações de Serralves, no Porto, e Calouste Gulbenkian, em Lisboa, anunciam o lançamento da primeira fase de um projeto colaborativo entre os três organismos, que visa “tornar acessível o arquivo” que Siza Vieira doou, em 2014, às três instituições.
“A partir de fevereiro de 2018 as descrições arquivísticas destes materiais começarão a ser disponibilizadas online nos sites do CCA, Serralves e Gulbenkian, incluindo os primeiros projetos dos anos 1950 e 1960, bem como projetos para o IBA de Berlim e projetos de renovação urbana para a cidade de Haia datados dos anos 1980”, escrevem no documento.
Entre os projetos a disponibilizar já em fevereiro encontra-se o edifício Bonjour Tristesse (Berlim, 1982–1983), a Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira, Matosinhos, 1963), as Piscinas de Leça da Palmeira (Matosinhos, 1966), o edifício do Banco Borges & Irmão (Vila do Conde, 1986), a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (Porto, 1992), o Museu de Arte Contemporânea de Serralves (Porto, 1999) e, entre outros, a Casa António Carlos Siza (Santo Tirso, 1976/78).
“Ao longo dos próximos anos outros materiais serão disponibilizados para pesquisa”, esclarecem as fundações, lembrando que “o arquivo completo, partilhado pelas três instituições, representa o interesse que, ao longo de toda a sua vida, Siza dedicou ao estudo da habitação unifamiliar e coletiva e ao planeamento urbano, bem como à conceção de projetos para centros culturais, museus e universidades em inúmeros países da Europa, Ásia e América”.
Atualmente, especifica, o arquivo “inclui textos, correspondência, fotografias e slides, cerca de 60.000 desenhos, 500 maquetes, 282 cadernos de esquissos e o arquivo de materiais digitais”.
Em julho de 2014, o arquiteto Siza Vieira anunciou que doava o seu acervo, tendo optado por doar uma parte a duas instituições portuguesas, Fundação Gulbenkian e Fundação de Serralves, e outra ao CCA.
“É meu desejo que o trabalho de tantos anos seja de algum modo útil, como contribuição para o estudo e debate sobre a arquitetura, particularmente em Portugal, numa perspetiva oposta ao isolamento, (como já hoje sucede e é imprescindível)”, escreveu Siza num comunicado enviado à data à agência Lusa.
De acordo com o arquiteto, a opção passou por doar parte “a duas instituições portuguesas, já com experiência, qualidade e capacidade para desenvolver ou alargar os respetivos arquivos (Fundação Gulbenkian e Fundação de Serralves), numa perspetiva de abertura à consulta, divulgação e participação num debate que já não é simplesmente nacional, nem centrado no individual”.
A outra parte foi doada ao CCA, em Montreal, “instituição de experiência e prestígio ímpares e com intensa e contínua atividade”, que é “reconhecido pela sua experiência na preservação e apresentação de arquivos internacionais”, referiu.
“A documentação doada à Fundação de Serralves e à Fundação Gulbenkian foca-se nos projetos de Álvaro Siza em Portugal e data de 1958 até 2006. A documentação entregue ao CCA inclui projetos com repercussão internacional datados de 1958 até ao presente” e que “todos os projetos de 2006 em diante serão depositados no CCA”, acrescenta o comunicado.
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