“Quer eu, quer as famílias destes (em Portugal e no estrangeiro) éramos totalmente alheios à existência de um plano de fuga do Estabelecimento Prisional e fomos apanhados de surpresa pelo que aconteceu”, disse Lopes Guerreiro, advogado dos dois foragidos, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

O advogado de Rodolfo Lohrmann e de Fábio Loureiro adiantou que tem estado “em contacto permanente com as famílias de ambos em Portugal e na América do Sul” e que pode avançar “que desconhecem os seus paradeiros”.

Lopes Guerreiro afirmou ainda que vai agir judicialmente por terem sido divulgados dados pessoais dos seus clientes, que diz serem “documentos internos e reservados do Estabelecimento Prisional”, deduzindo que foram revelados por iniciativa ou com a conivência deste.

As famílias “estão preocupadas com tudo o que ocorreu” e o que “poderá acontecer com ambos futuramente”.

Sobretudo os familiares de Fábio Loureiro, adiantou o advogado na nota enviada à Lusa, manifestaram “grande indignação com o exagerado empolamento do seu passado criminal e da divulgação de factos e de crimes que este nunca praticou ou pelos quais foi sequer condenado” em notícias que têm estado a surgir em alguns órgãos de comunicação social.

Estão ainda revoltados, adiantou, por terem sido expostos nas redes sociais e em alguns órgãos de comunicação social os seus dados pessoais, como os nomes e moradas de familiares, “constantes das próprias fichas de recluso no Estabelecimento Prisional (EP) de Vale de Judeus”.

“São documentos internos e reservados do Estabelecimento Prisional e cuja divulgação e exposição só poderá ter ocorrido com a iniciativa/conivência do próprio EP de Vale de Judeus, pelo que irei em breve, no que aos meus clientes respeita, agir judicialmente por tal facto”, disse o advogado.

Cinco reclusos fugiram no sábado do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa.

A fuga foi registada pelos sistemas de videovigilância pelas 09:56, mas só foi detetada 40 minutos depois, quando os reclusos regressavam às suas celas.

Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.

Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.

Segundo avançou no sábado a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), uma avaliação preliminar, com recurso a imagens de videovigilância, aponta que a fuga dos cinco homens ocorreu "com ajuda externa através do lançamento de uma escada, que permitiu aos reclusos escalarem o muro e acederem ao exterior".

O Sistema de Segurança Interna (SSI) indicou também no sábado ter sido "agilizada a cooperação policial internacional" para a sua captura.

De acordo com a DGRSP, já foi aberto um processo de inquérito interno, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, coordenado pelo Ministério Público.

O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, disse hoje que os cinco homens são “gente muito violenta, com enorme capacidade de mobilidade” e que está a levar a cabo uma investigação para saber de que forma ocorreu a fuga e quem está por detrás dela.

Segundo o diretor da PJ, os evadidos “tudo farão para continuar em liberdade”, reconhecendo que “o fator vida humana está em causa”, alertando para o “grau de complexidade e violência” dos homens.