“As vacinas devem ir para onde são mais necessárias, de forma equitativa, com base no risco e não em quem tenha a capacidade de as comprar”, afirmou Ahmed Ogwell Ouma, diretor interino do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (Africa CDC).
O responsável referiu que o África CDC está “a trabalhar com todos os estados-membros no continente para intensificar a vigilância da Monkeypox” e instou a população em geral a evitar procurar vacinas se não estiverem em risco de contrair o vírus, uma vez que isto exerceria pressão sobre os fornecimentos para aqueles que delas necessitam.
“Estamos a tentar evitar a repetição do episódio da corrida às vacinas a que assistimos com a covid-19”, acrescentou Ouma, em declarações na conferência de imprensa semanal do organismo da União Africana (UA).
Como é prática protocolar, por outro lado, os fornecimentos disponíveis de vacinas contra o Monkeypox – que “oferecem um nível de proteção muito elevado”, segundo o responsável – serão destinados prioritariamente aos trabalhadores da saúde e às áreas com casos confirmados do vírus, afirmou Ogwell Ouma.
“A prioridade é primeiro os trabalhadores da saúde que estão na linha da frente, e depois as comunidades afetadas onde os surtos são caraterizados, antes de contemplar o público em geral”, afirmou. “Ainda não dispomos de reservas suficientes para podermos atender ao público em geral”.
Em relação ao surgimento de centenas de casos da infeção em todo o mundo, Ouma minimizou a circunstância e manifestou a disponibilidade do Africa CDC para apoiar os países com esta necessidade.
“O Monkeypox é endémico no continente há décadas, sabemos como lidar com ele, estamos a apoiar os nossos estados-membros a lidar com a doença, e estamos disponíveis para partilhar o conhecimento e experiência adquirida ao longo do tempo com os países que estão agora a ter contacto com a varíola dos macacos”, afirmou.
O Monkeypox, uma infeção viral leve, é endémico em quatro países africanos, Camarões, República Centro Africana, República Democrática do Congo, e Nigéria, mas mais de 200 casos suspeitos e confirmados do vírus, a maioria na Europa, foram detetados em pelo menos 19 países desde o início de maio.
Em 2022, o número acumulado de casos de infeção com o vírus Monkeypox em África ascende a 1.405, e foram registadas 62 mortes associadas à doença, essencialmente nos quatro países mencionados em cima.
O diretor interino do Africa CDC fez ainda questão de esclarecer que o organismo tem vindo a assistir os estados-membros nas estratégias internas de saúde pública, com aconselhamento e oferecendo meios de monitorização e de diagnóstico.
Quanto à evolução da covid-19 no continente, foi registado até hoje, um total acumulado de 11,6 milhões de casos de infeção nos 55 estados-membros da UA — o que representa 3% do número de casos registados em todo o mundo – e um total de 253 mil mortes associadas à doença, que aponta para uma taxa de mortalidade de 2,2%.
Na semana entre 16 e 22 de maio, foi registado um total de 46.684 novos casos de infeção, número que representa uma queda de 21% em relação ao número de novos casos registado na semana anterior.
Um total de 278 mortes associadas à covid-19 foi registado nos últimos sete dias em análise, número que compara com 308 na semana anterior, o que representa uma baixa na ordem dos 10%.
A comparação das últimas quatro semanas com o mesmo período anterior revela um aumento do número de novos casos de infeção na ordem dos 36% em todo o continente.
Quanto à campanha de vacinação em África, 812,4 milhões de doses de vacinas foram recebidas por 54 estados-membros do continente (com exceção da Eritreia, que não divulgou até agora quaisquer registos relativos à doença), 572 milhões foram administradas, o que corresponde a 70,4% das doses disponíveis. A taxa de cobertura atual é de 16,9%.
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