Escreve a Reuters que Harvey Keaton vestia uma camisola — um pouco grande para o seu tamanho — devidamente passada do Serviço de Bombeiros Rurais e ficou muito quieto, de chupeta na boca, enquanto recebia a condecoração.

Num funeral emocionado, esta foi a forma do comissário Craig Fitzsimmons homenagear o pai da criança de apenas 19 meses, Geoffrey Keaton, de 32 anos, um dos três bombeiros voluntários que faleceram a combater as chamas na Austrália.

"O Serviço de Bombeiros Rurais disse adeus a um dos seus hoje, Geoffrey Keaton, um dos dois bombeiros que perdeu a vida a combater os incêndios do dia 19 de dezembro. O comissário Fitzsimmons honrou Geoffrey ao atribuir postumamente uma medalha de bravura e serviço", pode ler-se na publicação dos bombeiros, onde foi partilhada a imagem que está a ser notícia em todo o mundo, com o pequeno Harvey a receber a distinção em nome do pai.

Geoffrey Keaton e um colega morreram no mês passado quando uma árvore queimada caiu no caminho do seu carro de bombeiros, provocando um acidente. O terceiro bombeiro morreu na sequência daquilo a que as autoridades chamaram de um tornado de chamas.

Durante o funeral, dezenas de bombeiros formaram uma guarda de honra quando o carro funerário de Keaton entrou no cemitério de Sydney. Uma caneca sobre o caixão tinha impressa uma fotografia do bombeiro voluntário e do filho Harvey com a descrição: "Pai, amo-te daqui até à lua".

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, que tem sido criticado pela sua resposta aos incêndios, também esteve presente na cerimónia de despedida.

Pelo menos três pessoas morreram ontem nos incêndios florestais que estão a devastar o sudeste da Austrália, anunciaram as autoridades locais, elevando para 16 o número de mortos desde o início fogos, em setembro.

Austrália alerta para agravamento do risco de incêndios, milhares de turistas fogem da costa

Milhares de turistas fugiram hoje da costa leste da Austrália, devastada por incêndios florestais, antes do agravamento das condições meteorológicas previsto para sábado, escreve a Agência Lusa.

"Há uma forte possibilidade de que as condições no sábado sejam tão más ou piores do que aquelas que vimos [na terça-feira]", afirmou o comissário adjunto do serviço de combate a incêndios rurais de Nova Gales do Sul, Rob Rogers.

De acordo com as autoridades, pelo menos 381 casas foram destruídas pelos fogos em Nova Gales do Sul e no estado vizinho de Vitória, os mais populosos da Austrália e onde continuam ativos mais de 200 incêndios.

Em Nova Gales do Sul, as autoridades ordenaram os turistas a abandonar uma área de 250 quilómetros ao longo da costa. O responsável pelos transportes daquele estado, Andrew Constance, disse ser "a maior deslocalização em massa de pessoas para fora" da região.

Em Vitória, onde 68 casas arderam esta semana, militares australianos estão a ajudar hoje milhares de pessoas que fugiram para a costa devido aos incêndios que ameaçavam as suas habitações, na cidade costeira de Mallacoota.

Cerca de 500 pessoas vão ser retiradas da cidade por um navio da marinha, segundo as autoridades.

"Estimamos que cerca de 3.000 turistas e 1.000 habitantes estejam lá. Nem todos vão querer partir, nem todos podem entrar no navio de uma só vez", disse o chefe de governo de Vitória, Daniel Andrews, citado pela imprensa local.

O início precoce e devastador dos incêndios florestais este verão na Austrália levou as autoridades a classificar esta temporada como a pior de que há registo.

Cerca de cinco milhões de hectares de terra arderam, pelo menos 17 pessoas morreram e mais de 1.300 casas foram destruídas.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, já advertiu que a crise pode durar meses.

O fumo dos incêndios colocou a qualidade do ar na capital, Camberra, como a pior do mundo no primeiro dia de 2020.

*Com agências