“A Air France-KLM tem muita experiência na gestão e otimização de hubs, como tem feito nos ‘hubs’ de Paris Charles de Gaulle e de Amesterdão Schiphol. Acreditamos que o ‘hub’ de Lisboa é totalmente complementar à nossa rede atual”, afirmou fonte oficial da companhia aérea, em resposta escrita à Lusa.

A transportadora franco-neerlandesa, que manifestou interesse no processo de venda direta da TAP, disse que a manutenção do ‘hub’ (aeroporto usado por uma companhia aérea como centro de distribuição de passageiros) de Lisboa, uma das condições expressas pelo Governo no Decreto-Lei aprovado em 28 de setembro, é “sem dúvida” estratégica para a sua operação.

“Estamos a aguardar as próximas fases do processo e mais detalhes da privatização. O Presidente da República fez recentemente declarações sobre o Decreto-Lei e teremos de esperar pelos próximos passos para termos mais detalhes”, acrescentou a Air France-KLM.

Questionado sobre a percentagem do capital da TAP que tem interesse em comprar, o grupo aéreo considerou que “nesta fase ainda falta divulgar muitos detalhes”, mas vai tomar a sua decisão “assim que seja disponibilizada mais informação”.

Além da Air France-KLM, também os grupos IAG (British Airways, Iberia, Vueling, Aer Lingus e Level) e Lufthansa (Lufthansa Passenger Airlines, Swiss International Air Lines, Austrian Airlines, entre outras) manifestaram interesse na privatização da companhia aérea portuguesa.

O Presidente da República vetou, na sexta-feira, o decreto do Governo que enquadra as condições para a reprivatização da TAP pedindo clarificação sobre a intervenção do Estado, a alienação ou aquisição de ativos e a transparência da operação.

O Governo anunciou, em 28 de setembro, a intenção de alienar pelo menos 51% do capital da TAP, reservando até 5% aos trabalhadores, e quer aprovar em Conselho de Ministros até ao final do ano, ou “o mais tardar” no início de 2024, o caderno de encargos da privatização, esperando ter a operação concluída ainda no primeiro semestre do próximo ano.

Em conferência de imprensa, o ministro das Finanças, Fernando Medina, e o das Infraestruturas, João Galamba, apresentaram os objetivos estratégicos centrais da venda da TAP, que passam pela manutenção e crescimento do ‘hub’ (aeroporto que serve como centro de distribuição de passageiros), o crescimento da TAP, o investimento e emprego que o novo investidor possa trazer para Portugal em atividades de alto valor no setor da aviação, o melhor aproveitamento da rede de aeroportos nacionais valorizando e fazendo crescer operações de ponto a ponto, nomeadamente no aeroporto do Porto, e o preço e valor oferecido para aquisição das ações da companhia.

A alienação concreta vai, segundo o Governo, depender do processo de auscultação aos interessados.