Segundo Paulo de Almeida, que falava hoje durante uma formatura dos efetivos da corporação no âmbito da “Operação Resgate”, pelo menos um efetivo da polícia angolana, em média, e “a coberto da farda”, envolve-se diariamente em ações criminais.

Paulo de Almeida lembrou que a operação policial, que começa em novembro e que irá estender-se a todo o país, visa essencialmente o “resgate do civismo, da ordem, da conduta sã e da dignidade”, pelo que “a ordem deve começar no seio da polícia”, reconhecendo que vários agentes praticam “burlas, falsificações e extorsões a cidadãos”.

Discursando perante milhares de efetivos da polícia angolana, em cerimónia que teve lugar no Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais de Angola, em Luanda, e sem especificar números, Paulo de Almeida manifestou-se “preocupado” com número de agentes da polícia envolvidos no crime.

“Estou preocupado com o número de polícias envolvidos em ações criminais. Todas as semanas, para não dizer dias, registamos a participação de um ou outro agente da polícia envolvido em ações criminais. Isso tira-nos a autoridade”, lamentou.

“Retira a nossa capacidade, frustra a nossa ação. Quero aqui dizer que, em representação de toda a polícia do país, temos de combater essas batatas podres no nosso seio”, adiantou Paulo de Almeida.

O comissário-geral da polícia angolana assegurou mesmo a necessidade de “neutralizar agentes que, a coberto da farda, cometem diariamente crimes diversos”, apelando à “vigilância” aos agentes da polícia e à sociedade para que “denunciem essas práticas”.

A “Operação Resgate”, segundo as autoridades, visa “repor a autoridade do Estado, combater o crime, a imigração ilegal, transgressões administrativas e demais práticas antissociais” e terá caráter “repressivo e pedagógico”.

Para Paulo de Almeida, se a Polícia Nacional tenciona impor a ordem, no âmbito desta operação, é necessário, inicialmente, que os efetivos da corporação que tutela “sejam ordeiros e disciplinados para que a operação decorra sem máculas”.

“Não queremos realizar uma operação com essas manchas no nosso seio. É preciso que cada um seja o vigilante do outro, é preciso que cada um identifique e denuncie aqueles que estão com comportamentos marginais no nosso seio. É preciso ganhar e resgatar a confiança da população à polícia nacional”, exortou o oficial superior.

Durante a sua intervenção, sob olhar atento dos efetivos, o comandante geral da polícia de Angola disse que há elementos da corporação que se dedicam à “burla e à falsificação”, considerando que os “batuqueiros e penteadores” serão “banidos da corporação”.

“Não é a extorsão ou o crime, que vos vai (efetivos da polícia) dar glórias ou oportunidades. As grandes glórias vão sair do vosso empenho e desempenho”, realçou.

Ciente das dificuldades que a polícia angolana ainda enfrenta, como a carência de “infraestruturas, de meios de locomoção e dificuldades técnicas e logísticas”, Paulo de Almeida admitiu que as dificuldades “não serão superáveis a curto prazo”.

“Mas a nossa firmeza e determinação vai fazer com que nós ultrapassemos isto. Sem esforço não haverá êxitos na nossa missão”, assegurou.

A “ampla operação”, acrescentou, vai envolver toda a sociedade, órgãos judiciais, de segurança, da administração pública e todos efetivos da polícia nacional.

“Se queremos um país próspero, se queremos desenvolver o país, temos de ter segurança e quem garante a segurança somos nós”, rematou.