“Da nossa parte, fomos até onde entendíamos que devíamos ir, e vamos lá ver, só vale a pena negociar quando há alguma coisa nova a propor”, disse o primeiro-ministro aos jornalistas, no final da sua intervenção na conferência “A educação e os desafios do futuro”, que decorreu em Lisboa.

Confrontado com a norma do Orçamento do Estado para este ano, que obriga à existência de negociações – o primeiro-ministro foi taxativo: “O orçamento não manda coisa nenhuma, só diz que está em processo negocial. Segundo, ainda estamos em janeiro, temos todo um ano para aplicação do orçamento”.

“Agora, nós não nos sentamos à mesa só para entreter”, acrescentou, referindo que da parte dos sindicatos só vê “intransigência”.

“Da nossa parte, com toda a franqueza, nós fomos ao limite daquilo que achávamos razoável e certo. Não conseguimos encontrar até agora nenhuma nova ideia que justifique a abertura da negociação”, vincou.

Uma delegação de cerca de uma dezena de dirigentes sindicais da Fenprof, entre eles o secretário-geral, Mário Nogueira, exibiu no final do discurso do primeiro-ministro uma faixa onde se lia “Senhor primeiro-ministro: 9A-4M-2D, nem menos uma hora”.

À saída, António Costa e o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, dirigiram-se aos sindicalistas, tendo Mário Nogueira pedido ao primeiro-ministro: “Não brinque com as escolas, não brinque com os alunos”.

“Aqui ninguém brinca com os alunos”, respondeu o primeiro-ministro.

António Costa assinalou que o Governo já investiu “muitas horas, muitas horas, muitas horas em negociação”, mas que “a parte dos sindicatos não há qualquer posição negocial nova”.

“Os sindicatos não têm nada a propor, a não ser intransigência, nós temos puxado pela imaginação, mas também não encontramos nada de novo. Quando tivermos uma nova ideia, vamos tentar, ou então quando os sindicatos finalmente se dispuserem a fazer o que se têm recusado a fazer, que é dar qualquer contributo para a negociação”, reforçou.

“Se não, estaremos todos no mesmo impasse”, concluiu.

Na reação às declarações de António Costa aos jornalistas, Mário Nogueira ‘devolveu a bola’ ao Governo.

“Nós entregámos essa proposta, o Governo tem-na. Nós não podemos sequer entregar propostas antes de haver a convocação das reuniões, que compete ao Governo fazer. Nós o que aguardamos é que o Governo marque reuniões de negociação e aí teremos toda a disponibilidade para discutir o prazo e o modo, repetindo que, nove anos, quatro meses e dois dias, isso está fora de hipótese que possamos baixar, porque esse é o tempo de trabalho das pessoas”, disse o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

Sobre a breve troca de palavras com o primeiro-ministro ainda no auditório onde decorreu o seminário, Mário Nogueira disse que ao ter dito a Costa que “não pode brincar com os alunos, não pode brincar com as escolas, remetendo para o final do ano letivo o que tem que resolver agora” fez um “aviso sério” ao primeiro-ministro e ao Governo.

“Se o final do ano letivo for posto em causa é porque há responsabilidades enormes do Governo, porque nós queremos debater, discutir, negociar e resolver isto já […]. O senhor primeiro-ministro é que se sabe até onde quer ir. O senhor primeiro-ministro quer o quê? Ele está sozinho, mas ele é que tem razão. Isso chama-se uma forma autoritária, arrogante e prepotente de ver questão e é nesse pé que está neste momento a posição do Governo. [Para o primeiro-ministro] os sindicatos ou fazem como o Governo quer ou não há negociação, mas vai haver. Vai haver, que remédio. O Governo vai ter que a fazer e os professores vão lutar por isso”, declarou Mário Nogueira.

[Notícia atualizada às 20h50]

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