Para António Pires de Lima, as últimas horas de Francisco Rodrigues do Santo são "a maior desqualificação dos militantes do CDS". "No passado já divergi de outros presidentes do CD, mas sempre os respeitei e sempre votei neles, porque eram cumpridas as normas básicas de um partido", apontou em entrevista na SIC Notícias.

"O partido bateu no fundo", atirou, garantindo que "isto é o fim da linha". "A partir de amanhã deixarei de ser militante do CDS", adiantou. "Voto no CDS desde os meus 18 anos, mas aquilo que se passou nas últimas 48 horas tem consequências".

"Faço-o com enorme tristeza", disse. "Não tenho condições interiores de continuar a ser militante depois do que aconteceu", disse.

"Tenho o dever, perante mim próprio (...), para votar ou recomendar votar em quem eu quiser", disse. "Não estou em condições de recomendar o voto em Francisco Rodrigues dos Santos a quem eu quiser. Não tenho condições de ser militante do CDS se não tenho intenções de votar (...) se ele se candidatar às próximas legislativas", explicou.

Segundo o ex-ministro da Economia, o Conselho Nacional do partido que teve lugar na sexta-feira à noite – e onde, apesar da impugnação do Conselho Nacional de Jurisdição da reunião, foi aprovado o adiamento do Congresso do partido, que iria ter lugar a 27 e 28 de novembro e onde a presidência atual de Francisco Rodrigues dos Santos ia ser disputada pelo eurodeputado Nuno Melo – feriu “as mais elementares regras de democracia e respeito pelos militantes do CDS”.

Questionado sobre se, caso a nulidade das deliberações do Conselho Nacional pedida por Nuno Melo seja aprovada, pondera recuar com a desfiliação do partido, Pires de Lima respondeu que, “como ele bem sabe”, a decisão de adiar o congresso feita por Francisco Rodrigues dos Santos “é irreparável”.

“É irreparável porque não há tempo útil para nenhum tribunal se pronunciar sobre uma questão interna da vida do CDS a tempo de permitir a realização de um congresso que ontem [sexta-feira] ou hoje foi desmarcado e que se ia realizar daqui a três semanas”, indicou.

O ex-ministro da Economia afirmou assim que “aquilo que vai acontecer inevitavelmente depois desta decisão é que Francisco Rodrigues dos Santos se vai apresentar como presidente do CDS nas próximas legislativas fugindo a um congresso que era um congresso eletivo e onde havia uma liderança em disputa”.

Fazendo um balanço dos últimos anos do partido, Pires de Lima indicou que não está "surpreendido" com a situação atual, defendendo que se tem vindo a "assistir a um processo de degradação democrática, da vida democrática do partido".

O anúncio surge depois de a antiga deputada do CDS-PP Inês Teotónio Pereira e o ex-dirigente nacional centrista João Maria Condeixa anunciaram a sua desfiliação do partido, argumentando já não reconhecerem a formação política em que acreditaram e se filiaram há décadas. Horas antes, Adolfo Mesquita Nunes divulgou a sua desfiliação do partido.

O Conselho Nacional do CDS-PP aprovou hoje o adiamento, para depois das eleições legislativas, do congresso eletivo do partido, que deveria realizar-se a 27 e 28 de novembro, em Lamego.

O Conselho Nacional do CDS — órgão máximo do partido entre congressos — esteve reunido (por videoconferência e à ‘porta fechada’) desde cerca das 19:00 até perto das 04:00. Esta reunião extraordinária e marcada de urgência teve como ponto principal decidir sobre o adiamento da reunião magna dos centristas.

No seu discurso no encerramento, o presidente do partido considerou que “existe uma maioria expressiva, simpática, generosa, que entendeu a urgência do momento que o país atravessa” e que o CDS não deve estar concentrado em “guerra internas”, mas focado na preparação das eleições legislativas e em “afirmar-se como alternativa” de Governo.

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