Em declarações num fórum internacional económico em Riade, conhecido por "Davos do deserto", o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman disse que o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul foi "um crime hediondo que não pode ser justificado".
Mohammed bin Salman, também conhecido pelas siglas MBS, disse que "este crime foi doloroso para todos os sauditas" e comprometeu-se a punir todos os responsáveis pela morte do jornalista. "Os culpados serão trazidos à justiça", garantiu.
Nos últimos dias têm-se intensificado as suspeitas do envolvimento do príncipe herdeiro saudita neste assassinato, algo que a Arábia Saudita tem recusado.
"Muitas pessoas estão a tentar aproveitar-se desta situação dolorosa para criar uma cisão entre a Arábia Saudita e a Turquia. E quero enviar-lhes uma mensagem: nunca o vão conseguir", disse Mohammed bin Salman.
Antes, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, conversou por telefone com o príncipe herdeiro saudita pela primeira vez desde o assassinato, escreve a AFP.
Durante as suas conversas, que aconteceram a pedido do príncipe herdeiro, os dois líderes discutiram "esforços conjuntos para esclarecer todos os aspetos do assassinato de Jamal Khashoggi, e medidas a serem tomadas neste sentido", segundo a presidência turca.
Jamal Khashoggi, colaborador do jornal norte-americano The Washington Post e reconhecido crítico do homem forte do regime saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, foi assassinado a 02 de outubro dentro do consulado saudita em Istambul, Turquia, onde se dirigiu para obter documentação para casar com a noiva, uma cidadã turca.
As autoridades sauditas afirmaram durante vários dias que o jornalista tinha saído vivo do consulado. No entanto, no sábado passado, Riade mudou a sua versão sobre o caso e reconheceu o homicídio, sustentando que foi cometido durante “uma operação não-autorizada”, uma explicação recebida com ceticismo no estrangeiro. 18 sauditas estão detidos como suspeitos, anunciou a agência oficial de notícias da Arábia Saudita, sem porém os identificar.
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse esta terça-feira, numa intervenção no parlamento turco, que a morte de Jamal Khashoggi foi cuidadosamente premeditada e que o jornalista saudita foi vítima de um “assassínio selvagem”.
Segundo a Turquia, a morte do jornalista começou a ser planeada a 28 de setembro com a primeira visita de Kashoggi ao consulado da Arábia Saudita em Istambul, tendo sido cometido por um comando de 15 agentes sauditas enviados por Riade.
Ainda segundo o presidente turco, o sistema de câmaras de segurança do consulado saudita em Istambul foi desativado antes do assassinato do jornalista no local, e alguns dos agentes sauditas deslocaram-se a uma floresta próxima de Istambul e a uma localidade no noroeste da Turquia.
Um dos aspetos ainda por apurar é a localização dos restos mortais do jornalista saudita.
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