Dirigindo-se ao parlamento turco sobre o caso do assassínio de Jamal Khashoggi, o presidente turco informou que duas equipas estiveram envolvidas no ataque ao jornalista saudita, sendo que uma equipa de nove pessoas, onde se incluem generais, viajaram da Arábia Saudita para Istambul.

A morte do jornalista começou a ser planeada a 28 de setembro com a primeira visita de Kashoggi ao consulado da Arábia Saudita em Istambul, disse Erdogan, descrevendo, posteriormente, os passos dados pelo jornalista e pela equipa de 15 sauditas que chegou à Turquia no dia em que Jamal Kashoggi desapareceu.

Ainda segundo o presidente turco, o sistema da câmaras de segurança do consulado saudita em Istambul foi desativado antes do assassinato do jornalista no local, e alguns dos agentes sauditas deslocaram-se a uma floresta próxima de Istambul e a uma localidade no noroeste da Turquia.

Recep Tayyip Erdogan prometeu que a Turquia não ficará em silêncio sobre este caso e que aguarda as conclusões da investigação, estando em curso movimentações diplomáticas por parte das autoridades turcas. Segundo o líder turco, o rei saudita concordou com a criação de um comissão de investigação conjunta.

Tudo indica que Khashoggi foi vítima de um "assassinato selvagem", disse Erdogan, salientando que os responsáveis devem enfrentar a justiça. Trata-se de um "caso internacional" que a Turquia vai perseguir, garantiu, pedindo ainda que os 18 suspeitos já detidos pelas autoridades sauditas sejam julgados em Istambul. "Apelo ao rei Salman bin Abdulaziz para que estas pessoas sejam julgadas em Istambul", disse.

As autoridades turcas têm evidências de que o assassinato de Jamal Khashoggi foi planeado com dias de antecedência, reiterou Erdogan, salientando que a Turquia e o mundo só ficarão satisfeitos quando os perpetradores deste ataque forem levados à justiça. Mais: apesar de "não duvidar da sinceridade do rei Salman", Erdogan apela a uma investigação independente, com a participação de outros países. "Este foi um assassinato político", disse.

Porque estavam estes 15 homens sauditas na Turquia? Quem os enviou? Porque é que o consulado não abriu portas imediatamente aos investigadores? Porque é que as autoridades sauditas deram informações contraditórias? Quem é que, em Istambul, colaborou com os atacantes de Khashoggi para se desfazer do corpo? Todas estas questões foram levantadas por Erdogan, que as quer ver respondidas pelas autoridades sauditas. O chefe de Estado turco exigiu ainda saber onde se encontram os restos mortais de Khashoggi.

"Ao reconhecer a morte, o governo saudita deu um passo importante. O que esperamos agora é que apure as responsabilidades de cada num neste caso, do topo à base, e que isso se traduza em justiça", acrescentou Erdogan.

A morte de Khashoggi e as contradições sauditas 

A Arábia Saudita — depois de recusar qualquer responsabilidade no desaparecimento do jornalista — acabou por admitir no sábado que Jamal Khashoggi, crítico do poder em Riade e colaborador do jornal The Washington Post, foi morto nas instalações do consulado saudita em Istambul.

No domingo, num discurso proferido numa cerimónia pública, Erdogan disse pretender “que se faça justiça” e que “toda a verdade será revelada (…) a verdade nua”.

Na segunda-feira, o porta-voz da Presidência turca, Ibrahim Kalin, reiterou numa conferência de imprensa que “nada ficará por dizer” no esclarecimento sobre a morte de Khashoggi. “Desde o início, a linha do nosso Presidente é transparente: nada ficará por dizer. No plano judicial, iremos até ao fundo deste caso. Revelar todas questões relacionadas com este caso é o nosso objetivo final”, precisou Ibrahim Kalin.

A imprensa turca publicou segunda-feira novas informações que implicam o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, na morte do jornalista.

Jamal Khashoggi, 60 anos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no dia 02 de outubro, para obter um documento para casar com uma cidadã turca e nunca mais foi visto.

Jornalista saudita residente nos Estados Unidos desde 2017, Khashoggi era apontado como uma das vozes mais críticas da monarquia saudita.

A Arábia Saudita reconheceu que o jornalista foi morto no seu consulado em Istambul durante uma luta, referindo que 18 sauditas estão detidos como suspeitos, anunciou a agência oficial de notícias SPA.

A agência estatal de notícias saudita SPA revelou também que um conselheiro próximo do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, foi demitido, juntamente com três líderes dos serviços de inteligência do reino e oficiais.

As informações reveladas não identificam os 18 sauditas detidos pelas autoridades.

(Notícia atualizada às 12h07)

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