A IATA está preocupada com o “impacto económico adverso” que poderá provocar a decisão anunciada quarta-feira pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, de suspensão de todos os voos oriundos de países da União Europeia, durante 30 dias, para prevenir a propagação da Covid-19.
“Pedimos aos EUA e a outros governos que sigam as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segurança e saúde são prioridades, mas a eficácia e a necessidade de restrições de viagens devem ser continuamente revistas”, afirmou o diretor-geral da IATA, Alexandre de Juniac, em comunicado.
Juniac explica que, de acordo com a OMS, as restrições de viagem “são justificadas apenas no início de uma epidemia”, para permitir aos países ganhar alguns dias para se prepararem para possíveis contágios.
“As restrições devem basear-se numa análise cuidadosa dos riscos, ser proporcional ao problema de saúde pública, de curta duração, e devem ser reconsideradas regularmente à medida que a situação evolui”, afirmou o diretor-geral da IATA, citando as recomendações da OMS.
A associação, que representa quase 300 companhias aéreas globais, lembrou a grande dimensão do mercado afetado pela medida, com 200.000 voos entre os Estados Unidos e os países do espaço Schengen, em 2019, em que 46 milhões de passageiros viajaram.
“Suspender os vínculos em tão grande escala terá consequências negativas para a economia, algo que os governos devem admitir e ao que devem estar dispostos a responder”, disse Juniac.
“As companhias aéreas podem precisar de medidas de emergência para superar essa crise”, acrescentou Juniac, que propôs iniciativas como extensões de linhas de crédito, reduções nas despesas de infraestrutura ou isenção de impostos, para ajudar um dos setores mais atingidos pela crise.
A IATA indicou em 05 de março que o coronavírus causará perdas de até 113.000 milhões de dólares (cerca de 100 mil milhões de euros) no setor aéreo global, um número que ainda não levava em conta as restrições que nos últimos dias foram decretadas por Espanha, Israel, Kuwait e agora Estados Unidos.
O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados.
A China registou nas últimas 24 horas 15 novos casos de infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em janeiro.
Até à meia-noite de quarta-feira (16:00 horas em Lisboa), o número de mortos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, subiu em 11, para 3.169. No total, o país soma 80.793 infetados.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto.
A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.
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