Questionado pela Lusa, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) diz estar a receber denúncias idênticas, explicando que só desde o fim da última greve (dia 17) já recebeu mais de uma centena de queixas.
“Desde o término da greve, na passada quinta-feira, já recebemos mais de uma centena de denúncias, (…) têm ocorrido vários atrasos ao longo de todos os dias, alguns deles de mais de uma hora, o que nos levou já a pedir ao departamento jurídico que elabore um relatório que havemos de fazer chegar ao senhor ministro da Saúde”, disse à Lusa o presidente do STEPH.
Rui Lázaro diz que o sindicato está a ponderar encaminhar o relatório também para o Ministério Público, para juntar à queixa anteriormente apresentada.
“São demasiadas ocorrências, demasiados casos, muito longe dos picos que o presidente do INEM referiu na Comissão de Saúde”, acrescentou.
Entre os casos denunciados pela ANTEM, que passaram a triagem dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), que consideraram ser necessário o envio de meios ao local, a associação aponta situações de trauma com hemorragia e possível traumatismo craniano, hematomas, fraturas, alterações do estado de consciência, dor torácica e dores no peito.
A maior parte dos casos denunciados pela associação ocorreram no passado dia 22.
“Neste grupo de situações verificam-se verdadeiras emergências médicas em que, em muitos casos, o tempo de reposta foi de aproximadamente uma hora, e até mais, o que ultrapassa qualquer tempo preconizado de reposta adequada”, refere a associação.
Por seu lado, o presidente do STEPH lembra que estes casos, que se referem a “situações que já foram triadas e consideradas pelos CODU como emergentes, requerem uma resposta imediata, mas muitas vezes, como tem sido evidente, o INEM só consegue garantir cerca de uma hora depois”, sublinhou o dirigente sindical.
A propósito da demora na resposta, o dirigente disse que durante o dia de quinta-feira chegaram a estar 60 chamadas via 112 em fila de espera para serem atendidas nos CODU.
A agência Lusa pediu um esclarecimento ao INEM sobre este assunto, mas até ao momento não recebeu resposta.
O presidente do INEM, numa audição na Comissão de Saúde em setembro, reconheceu que em algumas situações se verificaram “tempos para socorro mais elevados do que o instituto quer”, mas considerou que, na globalidade, a resposta do INEM está dentro dos indicadores previstos nesta matéria.
“De forma consistente, de janeiro a agosto, o INEM acionou os meios com menos de uma hora de atraso em 99% das situações”, adiantou o presidente do instituto, que convidou os deputados a visitarem um dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes para perceberem a “dificuldade que é gerir situações com informação que é muito difícil de recolher”.
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