Segundo as testemunhas, funcionários do posto e moradores nas redondezas, a vítima terá sido surpreendida por um grupo armado desconhecido.

A aldeia de Metuchira fica no interior do distrito de Nhamatanda, província de Sofala, região onde ainda no domingo um ataque a viaturas na estrada principal fez três mortos e onde um polícia já tinha sido abatido na quarta-feira.

Hoje as armas voltaram a ouvir-se a 12 quilómetros da estrada nacional 6 (EN6), a via que liga o porto da Beira aos países do interior, junto ao local onde o Presidente da República, Filipe Nyusi, fez na segunda-feira o lançamento da campanha agrícola nacional.

“Acordámos devido aos disparos e quando acalmaram os tiros vimos que o posto policial tinha sido assaltado e havia mortos”, disse à Lusa um professor de Metuchira.

Um outro morador contou que “houve muitos gritos de socorro vindos [do posto] da Polícia”, quando o ataque se iniciou, cerca das 05:00 horas (03:00 em Lisboa), gerando uma “fuga descontrolada dos moradores”.

Fonte da polícia moçambicana na província de Sofala disse à Lusa que se pronunciará mais tarde, assegurando que já foi destacada uma equipa para o local, para investigar o incidente.

Este é o segundo ataque contra a Polícia no prazo de uma semana, depois de um agente ter sido abatido, durante uma investida contra um carro patrulha numa zona no limite entre os distritos de Nhamatanda e Gorongosa, na quarta-feira.

Com este confronto, sobe para oito o número de fatalidades causadas desde agosto por incursões armadas, primeiro contra veículos, mas que depois se tem intensificado contra alvos civis e das forças de defesa e segurança – aumentando também o raio de atuação.

A zona Centro de Moçambique foi historicamente palco de confrontação armada entre forças governamentais e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) até dezembro de 2016, altura em que as armas se calaram, tendo a paz sido selada num acordo subscrito em 06 de agosto.

Permanecem na zona guerrilheiros, em número incerto, que formaram uma autoproclamada Junta Militar para contestar a liderança da Renamo por Ossufo Momade e defender a renegociação do seu desarmamento e reintegração na sociedade.

O grupo de guerrilheiros liderado por Mariano Nhongo já ameaçou por mais que uma vez recorrer às armas caso não seja ouvido – mas, por sua vez, também se diz perseguido por outros elementos desconhecidos.

Na última semana, após o ataque a um carro patrulha, a polícia disse supor que a ação seria da autoria do grupo de Nhongo, mas este negou qualquer envolvimento.

A violência armada protagonizada por grupos desconhecidos ocorre desde agosto nalguns distritos do centro de Moçambique, ao mesmo tempo que as forças de defesa e segurança do país lidam também com ataques armados em Cabo Delgado, mil quilómetros a norte.

Os confrontos em Cabo Delgado duram há dois anos, já fizeram cerca de 250 mortos, eclodiram em mesquitas radicalizadas e apesar de algumas ações serem reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, desconhecem-se os mentores das ações.