Em declarações à imprensa escocesa, Mark Lynas contou como tentou, com mais três pessoas, sequestrar a ovelha clonada, que na altura estava no Instituto Roslin, perto de Edimburgo, um episódio que aparece num livro que publicará em junho.

“Fiz-me passar por investigador académico e tive acesso à biblioteca do Instituto Roslin. Uma vez passada a receção tive caminho livre pelos corredores e andei por lá tentando encontrar em que áreas cobertas exteriores estava a Dolly”, contou.

O objetivo dos sequestradores era chamar a atenção para a sua oposição ao desenvolvimento da técnica de clonagem, que vivia nessa altura um momento alto.

No entanto o plano não deu certo porque descobriram o local onde se encontrava a Dolly mas descobriram também que estava cheio de outras ovelhas e que era impossível identificar a que queriam.

“Um desastre! Como qualquer pastor minimamente competente sabe todas as ovelhas parecem mais ou menos iguais. As ovelhas clonadas, quase por definição, parecem-se ainda mais iguais. Os cientistas de Roslin tinham-nos ultrapassado ao ocultar a Dolly em frente dos nossos olhos”, disse Mark Lynas.

Lynas, que nos anos 90 empunhou no Reino Unido a bandeira do ativismo contra a modificação genética, retrata-se no livro que vai publicar (“Sementes da ciência: porque nos enganamos tanto com os transgénicos”) e diz que compreendeu como é que os transgénicos se podem utilizar em benefício do meio ambiente.

Em 1996 os cientistas Ian Wilmut e Keith Campbell conseguiram criar a Dolly, o primeiro mamífero a ser clonado com êxito a partir de uma célula adulta, uma experiência que foi um marco para o avanço da investigação genética e que aconteceu depois de 270 tentativas falhadas.

A existência da ovelha não foi tornada pública até 1997, quando os especialistas estavam certos de que a Dolly era saudável e ia sobreviver.

A ovelha morreu aos seis anos, quando se decidiu sacrifica-la na sequência de uma infeção pulmonar, e o corpo foi preservado e exposto desde então no Museu Nacional de Edimburgo.