“Aquilo que pretendemos é que, se os circuitos turísticos estão todos regulamentados, os ocasionais não estão regulados e, portanto, há que regular a circulação dos veículos ocasionais de transporte de passageiros”, disse à agência Lusa o vereador do Planeamento, Manuel Salgado.

O autarca explicou que a autarquia já interveio “nas zonas que são críticas, nomeadamente acessos à Sé e ao Castelo, no eixo rua Jardim do Tabaco e rua Cais de Santarém, junto ao Museu do Fado”, colocando sinais proibitivos.

“Depois, a partir de 01 de setembro, pretendemos condicionar a circulação na rua do Alecrim, Chiado, rua da Misericórdia, rua D. Pedro V, até ao Rato, portanto todo esse eixo”, indicou.

Manuel Salgado informou, também, que “a um prazo mais longo, já certamente em 2018”, a Câmara pretende “regular toda esta área que fica compreendida entre a Avenida Infante Santo, Estrela, Rato, Rua Alexandre Herculano, Avenida da Liberdade até à Avenida Almirante Reis, e depois Praça do Chile, Praça Paiva Couceiro, até ao rio”.

“Queremos estabelecer regras para que as condições de vida das pessoas sejam mais aceitáveis”, indicou o autarca, aludindo a problemas como o ruído, o congestionamento do tráfego e em implicações para a “sustentabilidade dos monumentos”.

Falando dias depois de a Lusa ter apresentado questões por escrito à autarquia sobre o assunto, Manuel Salgado explicou que, paralelamente, serão criadas áreas de estacionamento prolongado e locais de paragem estratégicos para tomada e largada de passageiros.

“Depois ainda há outra situação. É que, em casos excecionais, como uma missa especial na Sé ou um evento qualquer no Castelo, pode haver o acesso destes autocarros grandes, mas sempre com autorização prévia da Polícia Municipal e sempre com o acompanhamento da própria polícia”, exemplificou.

Na zona de Belém, a autarquia criou há meses locais de paragem, junto ao Mosteiro dos Jerónimos e à Torre de Belém.

Também em declarações à agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Nacional da Atividade Turística, Tradutores e Intérpretes (SNATTI), Paulo Cosme, manifestou uma posição “totalmente contra”, por cortar o acesso a estas zonas centrais da cidade.

“Ainda por cima, nós estamos com grupos de mobilidade reduzida”, assinalou.

De acordo com Paulo Cosme, “os riscos são imensos” para o setor.

“Os agentes de viagem já têm contratos assinados até ao final do ano, alguns para o próximo ano, há vários congressos organizados para Lisboa, e as pessoas ficam quase sempre alojadas na Baixa. [Com as restrições] Vai ser praticamente impossível ter acesso a hotéis, a restaurantes”, precisou.

“Não vou pôr as pessoas a andar em carrinhas, como é sugestão do senhor vereador”, acrescentou, apontando que os custos são “imensos e não é nada prático”.

Paulo Cosme criticou, ainda, a falta de tempo para a adaptação às regras, visto que os operadores só foram informados na semana passada.

Manuel Salgado admitiu esta situação, mas defendeu que “é necessário que os operadores se adaptem”, já que “há um determinado momento em que as situações já não são sustentáveis”.