O jovem de 15 anos foi levado para o hospital de Setúbal depois de ter “desenhado” uma baleia num braço com um objeto cortante, uma das tarefas do jogo, disse à Lusa fonte dos bombeiros.
Fonte da GNR de Sines afirmou por sua vez à Lusa que foi dado conhecimento à CPCJ (Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens).
"Os pais estiveram em contacto com a CPCJ e depois a CPCJ e a GNR acharam melhor encaminhar [o jovem] para o hospital", disse à agência Lusa a fonte da GNR, que não quis revelar mais pormenores para assegurar a "reserva da intimidade" e a "confidencialidade médica", além de argumentar que o caso está "em análise" pela força de segurança.
"Felizmente não foram coisas muito graves, até porque se detetou a situação numa fase precoce, sem se avançar muito nesse 'esquema' de jogo, não foram infligidos a ele próprio ferimentos muitos graves, nada de muito relevante", acrescentou a mesma fonte, explicando no entanto que a situação "é semelhante" aos passos do jogo "baleia azul" descritos na imprensa nacional e brasileira.
A Lusa contactou a CPCJ de Sines mas não recebeu resposta sobre se está a acompanhar algum caso relacionado com o jogo.
O caso de Sines, que foi comunicado ao Tribunal de Família e de Menores e ao procurador de Família e de Menores de Santiago do Cacém, continua a ser acompanhado pela GNR sem que tenha no entanto sido aberta uma "investigação criminal", uma vez que se trata de "atos voluntários".
Na zona de Sines, a GNR não tem até ao momento conhecimento de mais casos, mas "está atenta à problemática", disse a fonte.
O caso já aconteceu há cerca de um mês, tendo a Lusa pedido aos gabinetes de imprensa da GNR, da PSP e da Polícia Judiciária dados sobre outras eventuais situações no país, não tendo até agora recebido informações sobre mais casos.
O Correio da Manhã noticiou hoje que uma jovem de 18 anos foi assistida pelos bombeiros de Albufeira na madrugada de quinta-feira, num caso que o jornal relaciona com o jogo.
Em comunicado enviado à Lusa, a PSP “informa que tem conhecimento e que se encontra a monitorizar este fenómeno que pode afetar crianças e jovens em território nacional”, sem avançar se existem ou está a investigar outros casos, mas deixando conselhos a crianças e pais.
“Aconselha-se os pais a manterem-se informados relativamente ao jogo e a alertar as crianças e jovens para as suas implicações, deve existir uma maior supervisão e monitorização das atividades dos filhos na internet e das redes sociais”, diz a PSP, que sugere que os pais alertem as crianças para riscos de adicionarem desconhecidos nas redes sociais e que em caso de suspeitas devem alertar a polícia.
Contactada hoje pela Lusa, a porta-voz da PSP, comissária Cláudia Andrade, acrescentou que a polícia está também a trabalhar junto das escolas, através do programa Escola Segura, para aconselhar crianças e jovens para os riscos do jogo.
As origens do “Baleia Azul” não são claras mas terá começado numa rede social da Rússia, onde suicídios de mais de uma centena de jovens podem estar relacionados com o jogo.
No Brasil o jogo também está a preocupar as autoridades, com vários jovens a aderir ao desafio.
Os jovens são compelidos a seguir os 50 passos do jogo, provando que completaram cada desafio com fotografias que enviam ao curador, a pessoa que o incita, que lhe envia filmes de terror e músicas psicadélicas para ouvir de madrugada
Em páginas na internet, há milhares de fotografias e vídeos sobre os desafios e outras tantas referências nas redes sociais.
O jogo começará com o desafio de a pessoa escrever “F57” na palma da mão, com uma faca, enviando de seguida uma fotografia ao curador. Na rede social Twitter são milhares também as referências que aparecem quando se escreve “F57”.
Os desafios incluem acordar às 04:20 e subir a um telhado ou uma ponte, cortar os lábios e falar com outros jogadores. O desafio 50 (o último de 50 dias) é o suicídio, da forma que o curador indicar.
O curador pode ser acusado do crime de incentivo ao suicídio (artigo 135 do Código Penal) e punido com pena de prisão de um a cinco anos.
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