"O atual quadro político traduziu-se não na formação de um Governo de esquerda, mas sim na formação e entrada em funções de um Governo minoritário do PS, com o seu próprio programa", disse Jerónimo de Sousa, no encerramento da 40.ª Festa do "Avante!", destacando que a nova "relação de forças" no parlamento permite a PCP e PEV condicionar decisões e ser "determinantes e indispensáveis à reposição e conquista de direitos".
O secretário-geral comunista acusou PSD/CDS-PP de uma "campanha revanchista", aliada às exigências das instituições europeias.
"(Eventuais sanções) Elas estão aí presentes, agora concentradas nas pressões e chantagem sobre o orçamento do Estado de 2017, para tentar esmagar a esperança aberta de que é possível sermos donos dos nossos destinos, decidir de forma soberana sobre o progresso social do nosso povo e sobre o desenvolvimento do nosso país. E é exatamente por essa razão que o Governo tem de rejeitar esse pérfido plano", defendeu.
Apesar de salientar que a nova solução política “não substitui a necessária e cabal resposta a muitos e graves problemas” de “anos e anos de política de direita”, Jerónimo de Sousa considerou que o atual acordo governativo "permitiu travar e inverter no imediato o curso de uma ofensiva brutal e responder, ainda que de forma limitada, a problemas prementes de trabalhadores e povo".
O líder do PCP elencou depois as diversas conquistas: "reposição de salários e 35 horas semanais na administração pública", "eliminação da sobretaxa de IRS", "reposição de feriados roubados", "reversão da privatização de empresas públicas de transportes", "aumento do salário mínimo", entre muitas outras.
"Sabemos que estamos aquém do que é necessário, outras medidas são necessárias para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo e não vamos baixar os braços pela sua concretização", prometeu Jerónimo de Sousa, reiterando a necessidade de uma moeda própria, renegociação da dívida e controlo público da banca.
Perspetivando a discussão do próximo Orçamento do Estado, o líder comunista também aflorou algumas "bandeiras": "luta contra a precariedade" laboral, descongelamento das carreiras na administração pública, aumento de salários, "designadamente o salário mínimo para 600 euros a partir do início do ano", "aumento efetivo das reformas e pensões" - nunca inferior a 10 euros por mês - além da melhoria, em geral, dos serviços públicos de saúde e ensino, entre outras.
Jerónimo de Sousa condenou ainda o que classificou de "ameaças a partir do interior do país, bem visíveis" na ação "de PSD e CDS e dos grandes interesses que representam e com os quais se articulam, que, desde a primeira hora, desenvolvem toda uma campanha associando a devolução de direitos e rendimentos a tragédias e iminentes catástrofes, sendo que a sua única proposta é voltar à cartilha da exploração e empobrecimento".
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