“Aquilo que propomos é que neste momento de pandemia, haja uma medida especial que proíba as empresas com lucros de despedir. Assim como as empresas que recebem apoios do Estado não podem fazer despedimentos, também as empresas que têm lucros não devem poder despedir durante a pandemia”, explicitou Catarina Martins, durante uma ação de protesto de trabalhadores do Santander, em Lisboa.
A dirigente bloquista acrescentou que o banco Santander “apresentou quase 300 milhões de euros de lucro no ano passado, não é afetado pela pandemia”, por isso, “não há nenhuma razão para que faça uma operação que vai pesar sobre a Segurança Social do país neste momento de crise”.
Catarina Martins sustentou que a “solidariedade é exigida a toda a gente, as empresas com lucros, as grandes empresas, não podem ficar de fora desse esforço”.
Por essa razão, o BE quer que “exista essa proibição” de despedimento enquanto durar a pandemia.
“Não nos enganemos. É uma operação das grandes empresas em Portugal para baixar os salários, para baixar o valor do trabalho, e por isso é preciso combater já o que está a acontecer”, completou.
Questionada pelos jornalistas, Catarina Martins acrescentou que a proposta vai ser entregue na Assembleia da República “esta semana”. Contactada pela Lusa, fonte do BE disse que o partido ainda está a decidir como é que vai concretizar esta proposta.
Durante o protesto, João Pascoal, da comissão de trabalhadores do banco, denunciou um processo “de muita pressão para que os trabalhadores aceitem as rescisões por mútuo acordo”, considerando, por isso, que se trata de “um despedimento encapotado”.
A intenção do Santander, prosseguiu, é substituir trabalhadores com vínculo efetivo por trabalhadores em regime de outsourcing e com vínculos precários.
A empresa “quer, este ano, reduzir dos atuais quadros, 1.400 trabalhadores”, dos quais 700 “já estão com o processo adiantado”.
Interpelado depois desta ação de protesto, o diretor de comunicação do Santander Portugal, João Paulo Velez, rejeitou as críticas apontadas.
“O banco não pretende fazer qualquer despedimento, pelo contrário, deseja que haja soluções negociadas”, referiu, completando que rescisões unilaterais serão a “última solução que reste”.
Sobre a pressão e intimidação denunciadas pelos trabalhadores, mais uma vez, a resposta foi de rejeição: “As pessoas só saem, só assinam, digamos, e só aceitam as rescisões por mútuo acordo (…). Há uma pressão grande, é uma situação que, obviamente, levanta problemas de parte a parte”.
Na tarde de terça-feira vai decorrer uma manifestação de trabalhadores do setor bancário em frente ao parlamento.
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