Nós não podemos permitir que este estuário seja destruído. Este estuário é uma das zonas mais belas e mais simbólicas da vida selvagem no nosso país", defendeu a bióloga marinha, que acompanhou uma iniciativa realizada hoje pelo PAN para se inteirar das consequências imediatas das dragagens iniciadas na quinta-feira.

"Estes golfinhos estão aqui neste momento por alguma razão, porque eles precisam da nossa voz, da minha voz e da voz de todos os portugueses. No dia 19 de dezembro vai ser votada na Assembleia da República a proposta de resolução que vai recomendar ao Governo português que pare com as dragagens no estuário do Sado. Eu peço a todas as pessoas do país que não virem as costas e a este problema", acrescentou Raquel Gaspar.

A bióloga marinha falava aos jornalistas no preciso momento em que um grupo de golfinhos se aproximou, de forma inesperada, da embarcação marítimo-turística que acompanhava de longe as primeiras dragagens no rio Sado, que os ambientalistas dizem ser consequências graves para o futuro.

O projeto de melhoria das acessibilidades marítimas ao porto de Setúbal, que já tem a Declaração de Impacte Ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente, prevê a retirada de cerca de 6,5 milhões de metros cúbicos de areias em duas fases, mas a administração portuária de Setúbal garante que só adjudicou a primeira fase do projeto (retirada de 3,5 milhões de metros cúbicos de areia e sedimentos) e que a segunda fase foi abandonada em 2017.

Em qualquer dos casos, as dragagens que agora se iniciaram tem uma dimensão muito superior ao que eram as antigas dragagens de manutenção, que, entre 2010 e 2015, de traduziram na remoção de 680 mil metros cúbicos de areias.