“O dia de hoje representa mais uma peça teatral desse processo contra o Lula. Não entendemos porque é que Lula está a fazer esse depoimento, nem porque é que está a ser processado. Qual é o crime que ele cometeu? (…) Teriam de apontar com qual foi o crime, qual é o ato que configura corrupção passiva ou lavagem de dinheiro”, declarou Gleisi Hoffmann, em conferência de imprensa realizada em frente ao edifício da Polícia Federal, de onde Lula da Silva saiu para ser ouvido em tribunal.
Para a presidente do PT, o ex-Presidente do Brasil é inocente das acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e afirmou que Lula está a ser perseguido politicamente pelo juiz Sergio Moro, futuro ministro da Justiça do Governo de Bolsonaro.
Hoffmann criticou ainda o facto de Moro ter entrado em período de férias depois de ter aceitado um cargo político, e tendo passado o processo para as mãos da juíza substituta do processo, Gabriela Hardt, que, segundo a presidente do PT, é “amiga” de Moro.
Para Gleisi, o procedimento correto seria uma nova atribuição de juízes para o caso.
“Mais grave é que o juiz Sergio Moro, ao ser nomeado para um cargo político, tirou férias para poder continuar a sua vara de prevenção no processo. Portanto, a juíza substituta, que é sua amiga, continua a julgar o Lula. O correto seria (…) o processo ser redistribuído”, afirmou.
O ex-Presidente do Brasil, Lula da Silva, começou hoje a ser ouvido pelo tribunal de Curitiba, num segundo caso do processo da Operação Lava Jato.
Lula da Silva começou a ser ouvido pelas 15:00 (17:00 em Lisboa), num processo em que é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sendo suspeito de ter recebido benefícios ilícitos numa quinta no interior de São Paulo, como suborno.
Esta foi a primeira vez que o ex-Presidente do Brasil deixou as instalações da Polícia Federal, onde está preso desde abril, a cumprir pena. O processo e a operação Lava Jato estavam sob a responsabilidade do juiz Sérgio Moro, que recentemente se afastou do caso após aceitar a nomeação para o Ministério da Justiça no futuro governo do Presidente eleito, Jair Bolsonaro.
Assim, o ex-Presidente está a depor perante a juíza substituta do processo, Gabriela Hardt.
Na acusação deste processo, os procuradores afirmam que algumas reformas feitas pelas construtoras Odebrecht e OAS numa quinta frequentada por Lula da Silva e sua família, na cidade de Atibaia, no interior do estado de São Paulo, teriam sido pagas como parte de um acordo de suborno para que estas empresas fossem beneficiadas em contratos com a Petrobras.
O Ministério Público Federal (MPF) brasileiro alega que as construtoras gastaram pelo menos 700 mil reais (166 mil euros) em reformas no imóvel entre os anos de 2010 e 2014.
A quinta está registada em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna, mas os procuradores disseram acreditar que o imóvel na verdade pertenceria ao ex-presidente brasileiro.
Já os advogados de defesa de Lula da Silva afirmaram nos autos do processo que o ex-Presidente não é dono do imóvel e que apenas frequentava o local.
Os advogados também entendem que não foi comprovado pela acusação que o antigo chefe de Estado brasileiro seja culpado dos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais de que foi acusado neste caso.
Lula da Silva já foi condenado noutro processo da Operação Lava Jato, que investigou a propriedade um apartamento de luxo na cidade do Guarujá e atualmente cumpre uma pena de 12 anos e um mês de prisão.
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