O inquérito, a que a Lusa teve acesso, indica que 54,1% dos diretores de agrupamentos escolares inquiridos concorda com apenas dois semestres de calendário escolar, em vez dos tradicionais três períodos letivos.
Dos presidentes de Conselhos Gerais inquiridos apenas 32,8% concorda com essa opção de dois semestres, mas, no entanto, considerável quantidade de presidentes inquiridos (41,2%) defendem a necessidade de uma "revisão do calendário escolar".
Os momentos de avaliação atualmente em Portugal são três, tal como o número de períodos letivos.
Os três períodos letivos que existem atualmente são “desiguais na sua duração”, sendo os dois primeiros quase semelhantes e o terceiro demasiado curto, explicou à Lusa Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), referindo que é o feriado da Páscoa, que, por ser móvel - ora é em março, ora em abril -, “grande constrangimento” da atual situação.
“Todos os professores se queixam da pequenez do terceiro período letivo, que não dá para nada, a par dos feriados e da realização dos exames do 4.º e 6.º anos em tempo letivo, encurtando-o ainda mais”, conta Filinto Lima, reconhecendo que a proposta passa pela criação de dois períodos letivos, semestrais, com o mesmo número de dias e dois momentos de avaliação”.
Para o presidente da ADAEP, devem, todavia, manter-se as pausas do Natal, Carnaval e Páscoa.
“Muitos alunos, sabendo que não têm tempo para recuperar no último período, abandonam a escola ou comportam-se de forma leviana, perturbando as escolas e o seu ambiente”, lamenta ainda o professor Filinto Lima, reiterando que os períodos letivos escolares devem ser “equilibrados, com o mesmo número de dias, e, por isso, defende “períodos semestrais”.
O presidente da ADAEP defende uma “discussão alargada” e com “tempo para pensar na semestralidade”, mas é defensor dos dois períodos de avaliação, à semelhança do que acontece nas universidades.
A maioria dos diretores de agrupamentos escolares (89,0%) e presidentes de Conselhos Gerais (86,3%) rejeita o atual processo de municipalização escolar, revela também o mesmo inquérito, da autoria do docente Alexandre Henriques.
O modelo de gestão, a municipalização escolar, a autonomia escolar e o calendário escolar, são questões “muito importantes” e o estudo mostra que os principais membros da comunidade escolar - diretores de agrupamentos e presidentes de Conselhos Gerais – “não estão de acordo com o rumo que está a ser seguido”, lê-se na conclusão do inquérito.
Outra das conclusões do estudo revela que os resultados escolares e as questões disciplinares continuam a ser o “principal motivo de preocupação de diretores de e presidentes, com as questões disciplinares a surgirem no “topo das preocupações”.
Os dados revelam também que apenas 8,3% de diretores e presidentes de Conselhos Gerais sentem o seu trabalho ”reconhecido” e ou “valorizado” pelo Ministério da Educação, valores que “deviam envergonhar e fazer refletir profundamente os visados”, refere o autor do estudo, Alexandre Henriques.
O inquérito sobre “O que pensam os diretores e os presidentes de Conselhos Gerais sobre questões pertinentes da escola portuguesa?” foi realizado em julho deste ano através da plataforma de formulários Google, um universo de 312 diretores e presidentes de escolas.
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