Segundo fontes camarárias, a proposta para a aquisição da Vila Dias, que tinha sido anunciada há cerca de duas semanas, teve o voto favorável de todos os partidos.
Há cerca de duas semanas, a autarquia já tinha anunciado a aquisição dos 160 fogos, que serão reabilitados para garantir “condições dignas” aos atuais arrendatários (114 famílias) e aos futuros inquilinos, nas casas que se encontrem livres. Toda a zona envolvente será também requalificada.
Em declarações à Lusa no final de fevereiro, o antigo proprietário do bairro operário, José Morais Rocha, adiantou que a venda por 3,8 milhões de euros pressupõe a desistência de ambas as partes das ações judiciais entretanto interpostas, pondo final numa disputa imobiliária que se arrastava há cerca de dois anos.
“Era um projeto que eu tinha, um projeto muito interessante que tinha para desenvolver, mas a Câmara Municipal de Lisboa quer desenvolver ali habitação para rendas mais económicas e tem um objetivo muito concreto para aquela zona. Não valia a pena ficar a discutir mais com a Câmara Municipal de Lisboa. Não era o negócio que eu perspetivava em termos de rentabilidade, mas também temos que atender às necessidades da Câmara Municipal de Lisboa e da população. E pronto, chegámos a um acordo”, disse à Lusa José Morais Rocha.
Em 21 de dezembro de 2017, a câmara municipal aprovou a autorização para a aquisição da Vila Dias, na freguesia do Beato, por 1,3 milhões de euros, por "exercício do direito legal de preferência, na condição de o município de Lisboa vir a obter procedência na ação judicial" a decorrer.
Na altura, a vereadora da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa, Paula Marques, afirmou à agência Lusa que o município não iria desistir de adquirir a Vila Dias.
A autarca lembrou que, "no final do verão [2017], a câmara intentou uma ação junto do tribunal para poder exercer o direito de preferência" e adquirir a vila com mais de 100 anos.
Numa declaração enviada à Lusa, o vereador do BE (partido que tem um acordo de governação da cidade com o PS), Manuel Grilo, disse ter sido aberto “um precedente” com a aquisição da Vila Dias, mostrando que, “quando há vontade política, é possível responder a bairros inteiros a necessitar de requalificação na cidade”.
Por outro lado, acrescentou, demonstra que “tem força política para garantir o direito à habitação de centenas de pessoas”.
“Essencialmente foi uma vitória dos moradores”, afirmou à Lusa o vereador do PCP João Ferreira.
A Lusa tentou contactar os vereadores do PSD e do CDS-PP, mas tal não foi possível em tempo útil.
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