Este esclarecimento surge na sequência de uma notícia do jornal Correio da Manhã, a dar conta que Carlos Amaral Dias morreu na ambulância a caminho do hospital e que o processo de socorro, que incluiu outras chamadas além da primeira se estendeu por quase duas horas.

O instituto relata que, na manhã de terça-feira, “o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) recebeu uma chamada encaminhada pela central 112 com um pedido de socorro para um homem de 73 anos com queixas de dificuldades respiratórias”.

O INEM adianta que “tendo em consideração os sinais e sintomas referidos pela pessoa que contactou o 112 e após realizar a respetiva triagem clínica, o CODU acionou imediatamente uma Ambulância de Socorro dos Bombeiros Voluntários do Beato”, onde Carlos Amaral Dias viria a morrer.

“O INEM lamenta profundamente o desfecho que a situação veio a conhecer e apresenta as mais sinceras e sentidas condolências aos familiares e amigos de Carlos Amaral Dias”, lê-se na nota.

Em comunicado, o INEM diz que o inquérito servirá também para o “apuramento de eventuais responsabilidades”.

O INEM é o organismo do Ministério da Saúde responsável por coordenar o funcionamento, no território de Portugal Continental, de um Sistema Integrado de Emergência Médica, de forma a garantir aos sinistrados ou vítimas de doença súbita a pronta e correta prestação de cuidados de saúde.

Carlos Augusto Amaral Dias, de 74 anos de idade, abandonou há cerca de um mês, a seu pedido, a direção do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), à frente do qual esteve mais de duas décadas, sendo designadamente o principal responsável pela afirmação e crescimento do estabelecimento, no qual foi o impulsionador da criação da maior parte das suas licenciaturas.

Amaral Dias foi catedrático da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Coimbra (FPCEUC) – onde se doutorou, depois de se ter licenciado em psiquiatria também na Universidade de Coimbra – e foi docente do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa, cidade onde manteve durante vários anos consultório médico.

Foi presidente da Sociedade Portuguesa de Psicanálise e da Sociedade Portuguesa de Psicodrama Psicanalítico de Grupo, vice-presidente da Academia Internacional de Psicologia e coordenador do Nusiaf (Núcleo de Seguimento Infantil e Ação Familiar) da FPCEUC e dirigiu a Revista Portuguesa de Psicanálise.

Pai da psicóloga e ex-deputada Joana Amaral Dias e do gestor Henrique Amaral Dias, o psicanalista dirigiu e participou em diversos programas radiofónicos, como "O Inferno Somos Nós" e "Freud e Maquiavel", na TSF, ou “Alma Nostra”, na Antena 1.

Foi autor de diversas obras, entre as quais “Modelos de Interpretação em Psicanálise”, “Freud para Além de Freud”, “Bion Hoje”, “O Obscuro Fio do Desejo” em “Para uma Psicanálise da Relação”.