No primeiro pedido de esclarecimento do BE ao primeiro-ministro, António Costa, no debate do estado da nação, que hoje decorre no parlamento, Catarina Martins lembrou que "em 2015, muitos consideraram impossível que os acordos fossem respeitados" e "quase ninguém acreditou que fosse mesmo cumprido o horizonte da legislatura".

"O que hoje é insuficiente, muitos consideraram inalcançável em 2015. Aqueles foram os acordos possíveis, naquele momento e com a força que a esquerda então tinha. Voltássemos a 2015 e, nas mesmas condições, voltaria a assiná-los", assegurou.

Na resposta, António Costa manifestou um ponto de acordo com a líder do BE: "Se estivéssemos em 2015 eu também voltaria a assinar a mesma posição".

"Só há uma pequena diferença: não estando em 2015 eu também voltaria a tomar a mesma decisão pela simples razão que a decisão provou ser boa e os resultados são bons e são bons no seu conjunto", destacou.

A pior coisa que se podia fazer, na perspetiva do chefe do executivo, "era esse jogo de entender que tudo o que é bom dependeu de cada um de nós e de tudo o que é mau ficou a dever-se aos outros".

"É isso é desde logo muito injusto para o PEV, é muito injusto para o PCP e deixe-me dizer-lhe até é injusto para o PS. Aquilo que temos que assumir, por inteiro, é o passivo e o ativo desta legislatura", desafiou.

Na perspetiva da líder do BE, "o Governo falhou nas áreas em que os acordos foram menos concretos: investimento público para recuperar os serviços públicos".

"Em vez de aproveitar o crescimento económico para fortalecer o país, o Governo escolheu agravar o défice de serviços públicos para que Mário Centeno brilhasse em corridas de défice para Bruxelas ver", criticou.

Para Catarina Martins, "ter um Presidente do Eurogrupo é fraco consolo para quem fica horas à espera do comboio ou do barco, ou para quem espera demasiados meses por uma consulta".

O "défice de investimento público e os serviços públicos degradados" são "o maior problema" a que é preciso "responder e é o grande desafio da próxima legislatura", segundo a líder bloquista.

Na resposta, António Costa deixou claro que "a vida não começa e acaba no acordo com o Bloco de Esquerda", defendendo haver "boas razões" para se poder estar confortado "com as condições para "fazer mais e melhor" uma vez que já não há o "garrote da dívida".

Para o chefe do executivo, "trata-se de um brilharete de todos os portugueses e não de Mário Centeno", defendendo que "o sucesso desta legislatura resulta precisamente deste equilíbrio".

"Não nego o contributo do BE, como não nego o contributo do PCP, como não nego o contributo do PEV. Mas senhora deputada, nunca estaríamos aqui como estamos se não fosse o PS a base fundamental deste Governo", enfatizou.

Na reta final do seu primeiro pedido de esclarecimento, Catarina Martins trouxe o tema que mais tem dividido o BE e o Governo nos últimos meses: a Lei de Bases da Saúde.

"Vamos a tempo de aprovar uma nova lei de bases para proteger o Serviço Nacional de Saúde, ou o Governo quer tanto fazer novas parcerias público-privadas que prefere manter as leis da direita?", perguntou a António Costa.

O primeiro-ministro rejeita que a história seja reescrita porque foi "num Governo do PS que foi criado o Serviço Nacional de Saúde, foi sempre nos governos do PS que foi desenvolvido o SNS e há de ser sempre nos governos do PS que iremos continuar a desenvolver o SNS".

"E espero bem que em circunstância alguma a senhora deputada junte o seu voto do PSD e ao voto do CDS para aprovar a lei de bases da saúde que já está consolidada no grupo de trabalho, mantendo em vigor a lei de 1990 que promove a concorrência entre o setor privado e o setor público", insistiu Costa.

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