“Julgo que mesmo no PS há quem veja que há uma situação de absoluta fragilidade no Governo e que, portanto, é preciso agir”, afirmou a líder bloquista em declarações à margem do Festival Desobedoc, a que hoje assistiu no Cinema Trindade.

Disse ainda, a propósito da sugestão de Carlos César, ser “verdadeiramente insustentável que o primeiro-ministro continue sem se pronunciar” depois das últimas polémicas, lembrando serem “casos que envolvem vários ministros, que envolvem contradições dentro do Governo, que envolvem o funcionamento do próprio Governo num dossiê, a TAP, que o primeiro-ministro tantas vezes chamou diretamente a si e que, portanto, conhece bem, pelo que ninguém percebe este silêncio”.

Questionada sobre se se está perante um silêncio estratégico, Catarina Martins respondeu: “Não sei se é estratégico, mas é uma péssima estratégia para o país o primeiro-ministro não dar explicações quando é preciso”.

Sobre a comissão de inquérito para a TAP proposta pelo BE enfatizou que a mesma “está a demonstrar que há uma série de tomadas de decisão no Governo que não podem ser aceites num Governo de um país democrático e num estado de direito como Portugal, que se leva a sério”.

“O que eu temo é que a TAP seja um sintoma do modo de funcionamento do Governo. Em todo o caso, seguramente, temos de fazer todo o trabalho na comissão de inquérito da TAP (…) e por isso é que solicitámos o conteúdo do computador do adjunto do ministro das Infraestruturas porque nos parece que é importante para compreender tudo o que se passou”, referiu a deputada.

E insistiu: “É essencial que o primeiro-ministro falar o quanto antes. Temos um Governo muito fragilizado, o ministro João Galamba numa situação muito complicada, mas não é o único nessa situação. Não se compreende que o primeiro-ministro não tenha nada para dizer ao país”.

Catarina Martins explicou que o pedido de acesso ao conteúdo do computador de serviço do ex-adjunto do ministro João Galamba para a comissão parlamentar de inquérito, justifica-se por ser “a única forma de saber se houve ou não tentativa de omitir informação à comissão parlamentar de inquérito” e também para haver a “certeza que a comissão tem acesso a todas as informações que deve ter para fazer o seu trabalho”.