“Nós assistimos ontem ao último ato da maior indignidade cometida em 47 anos na história do CDS. Um golpe porque um líder que tem medo do voto dos militantes recorre ao que seja para se manter no poder”, afirmou hoje Nuno Melo, no Porto, em conferência de imprensa para reagir à decisão do Conselho Nacional de adiar o congresso do CDS para depois das eleições legislativas.
Segundo o candidato à presidência do CDS-PP, “a consequência imediata da deliberação nula de um Conselho Nacional que não podia ter acontecido implica que o presidente do CDS, sem se legitimar em congresso, vai a votos não tendo mandato (o mandato de Francisco Rodrigues dos Santos acaba a 25 de janeiro)”.
“Hoje mesmo remeterei ao Conselho Nacional de Jurisdição, que já tinha declarado nula a convocatória para a reunião de ontem, uma impugnação para que, em coerência, todas as deliberações ontem tomadas sejam por isso nulas, e sendo nulas, com a urgência possível sejam realizadas as eleições para os delegados ao congresso para que esse congresso seja aconteça no momento já previsto de 27 e 28 de novembro”, adiantou.
Sobre as eleições para a liderança do CDS, Nuno Melo considerou que está a ser um “jogo viciado” desde o primeiro dia.
“Negaram-nos cadernos eleitorais, proibiram-nos de ter fiscais em mesas de voto, fizeram centenas de transferências de militantes em cima do momento eleitoral, construirão concelhias assentes em pessoas que não eram desses concelhos, para nisso forjar uma ou outra inerência, aceitaram lista de delegados entregues fora do prazo, mudaram nomes em listas entregues, substituíram senadores incontornáveis na vida do CDS”, enumerou.
Nuno Melo acusou ainda Francisco Rodrigues dos Santos de querer fazer do CDS “uma espécie do PEV da direita, aceitando uma esmola de quatro ou cinco deputados, um dos quais, obviamente, o atual presidente do partido que concretizará talvez o seu sonho de vida, mesmo quando a direção do PSD confessa que a coligação com o CDS será uma coligação feita por caridade”.
Para o eurodeputado “nunca o CDS bateu tão fundo”, garantindo que mesmo assim não irá deixar de ser militante do partido: “Eu não saio, se estão à espera que eu me demita estão muito enganados”, afirmou.
Hoje vários militantes do CDS anunciaram a sua saída do partido, nomeadamente Adolfo Mesquita Nunes.
“Eu sendo presidente do partido, no dia seguinte tudo o que farei é pedir a volta desses militantes, começando pelo Adolfo Mesquita Nunes”, disse.
Melo acabou a conferência a anunciar que pediu uma audiência ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Aguardo resposta e entendo que essa conversa tem que ser tida porque em causa está o destino de um partido fundador da democracia em Portugal, muito relevante e o presidente da República, que é o garante das instituições democráticas, sabe que nessas instituições democráticas, nomeadamente da Assembleia da República, estão representantes deste partido”, finalizou.
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