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Com 40,51% dos votos, o Chega conquistou a Câmara Municipal de Albufeira, derrubando mais de duas décadas de domínio social-democrata e consolidando-se como uma força política de poder no sul do país.
O diagnóstico era conhecido: rendas incomportáveis, salários baixos, serviços públicos em degradação e uma perceção generalizada de abandono. “O Algarve está a colapsar… Portugal está a colapsar”, desabafava Daniel Vicente, um jovem barman ouvido pelo jornal britânico, uma frase que resume o sentimento de muitos eleitores.
Esse descontentamento foi o terreno fértil onde o Chega construiu o seu discurso. A habitação tornou-se o tema central: as rendas em Albufeira aumentaram mais de 16% num ano, e muitos residentes foram empurrados para fora do centro urbano.
Durante a campanha, André Ventura, líder e fundador do partido, voltou a apontar o Algarve como “bastião” da sua estratégia nacional e ponto de partida da "conquista" de Portugal pela direita radical.
No domingo, a estratégia confirmou-se. O candidato local, Rui Cristina, venceu e, na noite eleitoral, afirmou "Esta vitória não é minha, não é do partido, é de todos vocês, albufeirenses!".
Quem visita Albufeira sabe que é sinónimo de praias cheias, hotéis modernos e vida noturna. Para quem lá vive, a realidade é outra: trabalho sazonal, falta de habitação e salários que mal chegam para pagar as despesas.
Daniel Vicente repetiu vários dos argumentos e desinformações usados pelo Chega, apontando o dedo aos migrantes que, segundo ele, “vêm para cá e têm tudo a seu favor”. Um discurso que ecoa as mensagens de Ventura sobre imigração e exclusão económica.
O jornalista Miguel Carvalho, autor do livro "Por Dentro do Chega", sublinha que o partido “cresce sustentado na figura de Ventura e na sua intuição política”, o que explica a velocidade e amplitude da sua ascensão.
Ainda assim, o próprio líder acabou por reconhecer que o Chega não atingiu os objetivos traçados. Durante a campanha considerou “impensável” ter menos câmaras do que o CDS-PP ou a CDU. No final, o partido ficou aquém das expectativas e conquistou apenas três autarquias a nível nacional.
Mas a vitória em Albufeira deixa um sinal claro: o sul do país tornou-se o novo epicentro político da direita radical portuguesa.
*Editado por Ana Maria Pimentel
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