Um dia depois do anúncio do primeiro-ministro de que não aceita o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas, o presidente do Chega, André Ventura, apelou a Marcelo Rebelo de Sousa que fale “ao país antes de partir de viagem” para Londres, onde marcará presença na coroação de Carlos III, no sábado.
“O país não aguenta, não pode esperar que a crise se vá agudizando e que o PS sinta que pode fazer o que entender, incluindo vexar, humilhar e menosprezar o chefe de Estado. Por isso, voltamos a deixar o nosso apelo para que o Presidente da República fale ainda esta tarde, ou esta noite, aos portugueses sobre a crise política instalada entre São Bento e o Palácio de Belém”, apelou.
O líder do Chega deixou, também, críticas ao presidente do PSD, Luís Montenegro, manifestando “perplexidade” com uma reação aos acontecimentos de quinta-feira que considerou que devia ter sido “muito mais firme”.
“Eu estou certo de que o Presidente da República, hoje, esperava algo mais dos partidos à direita depois da humilhação a que foi sujeito ontem [terça-feira]. O que certamente esperaria dos principais partidos é que hoje dissessem que este Governo chegou ao fim e que há uma alternativa e que essa alternativa existe”, criticou.
O presidente do Chega referia-se às declarações de hoje do líder dos sociais-democratas de que não pedirá eleições antecipadas, mas também não as irá recusar.
André Ventura criticou, também, o comunicado do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP) que conclui que os elementos por si recolhidos “não permitem concluir” que tenha havido uma atuação ilegal do Serviço de Informações de Segurança (SIS) no caso da recuperação do computador portátil do ex-adjunto do ministro João Galamba.
O líder do Chega considerou “espantoso como é que depois de ouvir todos, ou praticamente todos, os especialistas deste país”, o CFSIRP afirme que “não vê indícios de qualquer ilegalidade quando todos os que olharam para a lei e viram as atribuições do serviço dizem precisamente o contrário”.
O deputado notou o facto de o CFSIRP ser liderado por uma “antiga socialista”, a ex-ministra Constança Urbano e Sousa, e defendeu que as instituições estão sujeitas a “um profundo sequestro”.
“Eu não ouvi um especialista em todos os canais a dizer que isto era legal (…). E agora, alguém que foi indicado pelo PS diz que não houve ilegalidade nenhuma. Se isto não põe em causa o prestígio das instituições e a sua credibilidade, eu já não sei o que é que põe”, afirmou.
André Ventura reafirmou que fará uso do seu direito potestativo, nos próximos dias, de impor a audição da ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, caso não seja chamada à comissão de inquérito parlamentar para esclarecer “que conversa teve com João Galamba, se deu indicações para o recurso ao serviço de informações e que cobertura legal teria essa atuação”.
Ventura defendeu, ainda, que o voto contra do PS ao requerimento para a audição da ministra da Justiça “mostra bem a prepotência” do partido e “o medo de que a verdade seja revelada”.
O dirigente do Chega considerou que esta decisão, em conjunto com o adiamento da audição de hoje do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa devido a um atraso de cerca de uma hora nos trabalhos da comissão, demonstram “como o Partido Socialista sequestrou a instituições”.
Comentários