Natural da província de Benguela, onde nasceu a 24 de outubro de 1922, Alberto da Silva foi, a 01 de julho último, homenageado na sua terra natal pelo Governo angolano, que destacou os feitos em prol do país, tendo, na ocasião, a ministra da Juventude e Desportos, Ana Paula Sacramento, destacado as qualidades de “Pepino”,
“É um exímio ciclista que conservava ainda as habilidades que o tornaram uma referência obrigatória da modalidade e do desporto angolano em geral, sendo, por isso, uma verdadeira inspiração para milhares de jovens à prática desportiva”, disse então.
A Federação Angolana de Ciclismo adiantou, na mesma altura, estar a considerar criar uma prova nacional anual com a designação “Troféu Pepino”.
“Pepino” começou a sua atividade desportista desde tenra idade, tendo praticado atletismo, futebol e ciclismo.
Realizou várias digressões pelo país de bicicleta em homenagem aos heróis da pátria, antigos combatentes e crianças pobres.
“Pepino” participou em 2009 pela primeira vez nos jogos olímpicos da terceira idade, na Califórnia, nos Estados Unidos. Em 2013 voltou a concorrer, tendo conquistado duas medalhas de ouro.
Quando tinha 53 anos, em 1973, Alberto Silva correu a pé, em 47 horas, a distância entre Huambo e Benguela. Fora uma aposta com amigos e ganhou 100 contos portugueses pelo feito.
Mais tarde, em 1975, por ocasião da independência, superou o seu recorde pessoal, ao cobrir, também a pé, os 700 quilómetros que separam Benguela de Luanda, saudando a Independência de Angola e os seus precursores, em memória das viúvas e dos órfãos da guerra, ganhando a simpatia de todo o povo angolano.
Em 2005, decidiu fazer o mesmo percurso em bicicleta.
Verdadeiro nacionalista, “Pepino” era serralheiro de profissão, proprietário da Marcenaria Muxima, encravada nas traseiras do Hotel Luso, propriedade da família, em Benguela.
“Pepino” foi amigo pessoal do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, a quem, segundo reza a história, chegou a oferecer uma mobília completa.
Ao celebrar o 95.º aniversário, em outubro de 2017, realizou uma “pedalada” de 45 quilómetros em Benguela, na companhia de dezenas de jovens ciclistas da cidade.
A 09 de fevereiro deste ano, o jornalista angolano Jaime Azulay lamentava então o “esquecimento” das autoridades desportivas angolanas pelo ciclista – a homenagem ocorreria a 01 de julho -, e contou um exemplo disso.
“Quando se aventou a escolha de um nome para o estádio construído na cidade de Benguela, no âmbito do CAN-2010 [Taça das Nações Africanas, então disputada em Angola], ocorreu que era finalmente chegado o momento de se prestar a justa homenagem ao grande ícone do desporto angolano: Alberto Silva «Pepino», cujo percurso revela episódios de inusitada galhardia”, escreveu na altura.
“O CAN passou e, infelizmente, o nome de «Pepino» foi preterido e o estádio foi batizado com um nome [primeiro Estádio Nacional de Ombaka e, depois, Estádio Edelfrides da Costa Palhares “Miau”] cujas origens e significado carecem de certificação científica para serem aceites”, acrescentou.
Atleta lendário, começou como futebolista nas grandes equipas de Angola no final dos anos 30 e 40 do século passado, ao mesmo tempo que praticava atletismo. Depois de “pendurar as chuteiras” no futebol, escolheu a bicicleta.
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