Algumas das datas foram reveladas hoje na sétima edição dos Encontros do Cinema Português, em Lisboa, uma iniciativa que se destina, anualmente, a revelar projetos cinematográficos portugueses em várias fases de produção.

Entre os filmes com estreia já garantida até ao final do ano estão “Mal Viver”, de João Canijo (outubro), uma produção da Midas Filmes rodada em 2021, protagonizada por Rita Blanco e Anabela Moreira, e “Restos de vento”, de Tiago Guedes (setembro), produzido pela Leopardo Filmes, apresentado em maio no festival de cinema de Cannes.

A Midas Filmes terá nas salas, em novembro, “Alma Viva”, da realizadora luso-francesa Cristèle Alves Meira, e a Leopardo Filmes fará a antestreia, em dezembro, da adaptação de “A Sibila”, de Agustina Bessa-Luís por Eduardo Brito, estando ainda por confirmar, entre este ano e 2023, a estreia da longa-metragem “O pior homem de Londres”, realizada por Rodrigo Areias.

No outono estrear-se-ão “O natal do Bruno Aleixo”, de João Moreira e Pedro Santo, e “Toda a gente gosta de Jeanne”, de Céline Devaux, ambos com produção de O Som e a Fúria.

“Estamos ‘super-empenhados’ para a verdadeira retoma da ida dos espectadores ao cinema”, depois de dois anos de quebras de assistência em sala, por causa da pandemia da covid-19, afirmou o produtor e distribuidor Luís Urbano, da produtora O Som e a Fúria, nos Encontros do Cinema Português.

Este ano chegam aos cinemas vários filmes que foram rodados nos últimos dois anos, como “Amadeo”, de Vicente Alves do Ó, produzido pela Ukbar Filmes, sobre o pintor português Amadeo de Souza Cardoso, ou “O trio em mi bemol”, realizado e produzido por Rita Azevedo Gomes.

Ainda sem data, há ainda intenção de estreia comercial este ano de dois filmes que trazem um rasto de elogios: “Fogo Fátuo”, filme de João Pedro Rodrigues, produzido pela Terratreme, exibido na Quinzena dos Realizadores, em Cannes, e “Supernatural”, de Jorge Jácome, estreado este ano em Berlim.

À margem dos Encontros do Cinema Português, e em declarações à agência Lusa, a distribuidora Ana Isabel Strindberg sublinhou a importância de definir planos de divulgação adaptados a cada filme.

“Já não é tão difícil estrear, porque existem salas. O que é importante é que os filmes fiquem em sala e encontrem espectadores, encontrem público. E é difícil chegar aos públicos. É preciso pensar, para cada filme, onde estão os públicos”, disse.

No caso de “Supernatural”, a estratégia passa pela divulgação do filme junto de universidades, centros de investigação e de uma grande campanha de comunicação nas redes sociais. O filme de Jorge Jácome terá divulgação na rede Tik Tok, disse Ana Isabel Strindberg.

Nos Encontros do Cinema Português, onde foram apresentados 45 projetos de filmes, falou-se da necessidade de descentralização da exibição, para que não se resuma apenas aos grandes centros urbanos.

Pedro Borges, da Midas Filmes, apelou mesmo a um debate no setor sobre o panorama das salas de cinema, sustentando que atualmente os espectadores veem mais filmes, mas em casa e não nos cinemas, por via de uma maior oferta, com a entrada das plataformas de ‘streaming’ no mercado nacional.

Dos filmes já concluídos, hoje apresentados em Lisboa, destaque ainda para “Sombras Brancas”, de Fernando Vendrell (David & Golias), a partir da vida e de uma das obras do escritor José Cardoso Pires, e “O vento assobiando nas gruas”, de Jeanne Waltz (C.R.I.M.), adaptado de um romance de Lídia Jorge, ambos sem data de estreia anunciada.

A eles juntam-se também “Os demónios do meu avô”, longa-metragem de animação de Nuno Beato – que terá estreia este mês no festival de Annecy, em França – e “Viagem ao sol”, documentário de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias, que tem estado a fazer já o circuito de festivais.

Para outubro, coincidindo com as eleições presidenciais no Brasil, está aprazada a estreia do premiado filme luso-brasileiro “Mato seco em chamas”, de Joana Pimenta e Adirley Queirós, produzido pela Terratreme.

De acordo com os dados mais recentes do Instituto do Cinema e Audiovisual, divulgados em maio, este ano o cinema português somou, em sala, pouco mais de 34 mil espectadores e cerca de 168 mil euros de receita de bilheteira, o que representa uma quota de 1,4% e 1,2%, respetivamente, em relação ao total de assistência já contabilizado no circuito comercial.

Segundo o ICA, dos cerca de vinte filmes de produção ou coprodução portuguesa estreados comercialmente este ano, o mais visto foi "Salgueiro Maia - O implicado", de Sérgio Graciano, com 15.498 espectadores contabilizados até maio.