Uma equipa internacional de investigadores mediu a crescente taxa de branqueamento de recifes de coral (processo que pode levar à morte dos organismos) em vários locais dos trópicos nas últimas quatro décadas, um trabalho que nunca até hoje tinha sido feito.
O resultado, publicado na revista Science, mostra um encurtamento dramático do tempo que os corais vivem, colocando em risco o futuro desses ecossistemas.
“O tempo entre episódios de branqueamento em cada local diminuiu cinco vezes nas últimas três a quatro décadas, de uma vez a cada 25-30 anos no início dos anos 80, para uma média de apenas uma vez a cada seis anos desde 2010”, disse o principal autor do trabalho, Terry Hughes, do Centro de Excelência para o Estudo dos Recifes de Coral, Queensland, Austrália.
Antes dos anos 80 do século passado, acrescentou, o branqueamento maciço de corais não acontecia, mesmo em caso de condições extremas como as do El Nino (aquecimento anormal das águas do Pacífico). Mas atualmente “ataques sucessivos” à escala regional aos corais e a sua “mortalidade em massa” tornaram-se “normais” em todo o planeta, afirmou.
O estudo estabelece três períodos em relação à morte dos corais, um primeiro antes da década de 1980 quando o branqueamento só acontecia localmente, um segundo nos anos 1980 e 1990, com os primeiros registos de branqueamento em massa na fase de aquecimento das águas (El Nino), e um terceiro na atualidade, em que o branqueamento está sempre a acontecer.
Os investigadores dizem que as temperaturas dos mares tropicais estão hoje mais altas do que estavam há 40 anos durante os períodos de El Nino.
“O branqueamento dos corais é uma resposta ao stress causado pela exposição dos recifes a temperaturas elevadas do oceano. Quando o branqueamento é severo e prolongado muitos dos corais morrem. É preciso pelo menos uma década para os substituir, mesmo as espécies de mais rápido crescimento”, disse Andrew Baird, coautor do estudo.
Segundo os autores do trabalho a Grande Barreira de Corais da Austrália foi branqueada quatro vezes desde 1998.
O branqueamento dos corais (seres com 400 milhões de anos) acontece devido ao aquecimento da água, que leva as algas que vivem em simbiose com os corais a deixar de fazer a fotossíntese. Quando as algas deixam de habitar com os corais estes ficam com uma cor clara, razão do nome branqueamento, e vão também perdendo nutrientes, acabando por morrer.
Os corais são pólipos que vivem em colónias e que segregam um esqueleto exterior calcário, formando recifes, que podem atingir grandes dimensões, como a Grande Barreira de Coral, na costa oriental da Austrália.
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