Em audição parlamentar, que dura há mais de quatro horas, Pedro Marques referiu que, além do “trabalho que precisa de ser reforçado no material regional e de Cascais”, uma das prioridades na Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) é a manutenção das carruagens de comboios Intercidades.
O reforço de pessoal, lembrou o ministro, inclui 102 novas contratações e a regularização de 40 contratos precários nas oficinas.
Aos deputados, o governante referiu ainda que no âmbito do contrato com a operadora ferroviária espanhola Renfe para aluguer de comboios estão previstos testes técnicos, que podem determinar o aluguer de material circulante elétrico de “elevada qualidade”.
Perspetivando a liberalização do transporte ferroviário na União Europeia, a partir de 2019, o ministro reafirmou a parceria que será feita entre CP e Renfe e não um caminho de “concorrência sem cartel” ou de “invasão”.
Na semana passada, também no parlamento, o presidente da CP, Carlos Nogueira, informou que o aluguer de equipamentos feito pela CP à congénere espanhola Renfe custa 10,4 milhões de euros por ano, tendo em conta as 20 unidades já alugadas, as quatro novas e o comboio internacional.
A CP e a congénere espanhola Renfe assinaram, em Madrid, um protocolo de cooperação que permitirá à empresa ferroviária portuguesa alugar em 2019 quatro comboios a gasóleo e uma primeira composição elétrica.
O aluguer de comboios pela CP visa suprir necessidades enquanto é aguardado o concurso para a compra de mais composições.
Portugal apenas pode alugar comboios a Espanha, uma vez que ambos os países têm bitola (distância entre carris) ibérica. Portugal ainda usa comboios a gasóleo, pois cerca de um terço da infraestrutura ferroviária portuguesa está por eletrificar.
Na audição, o presidente da CP realçou que estes são “contratos de aluguer por três anos”.
“Quando tivermos as 22 unidades [anunciadas para o serviço regional], libertamos os comboios da Renfe. Este material é para devolver”, concluiu o responsável.
No final de agosto, Carlos Nogueira tinha admitido “parcerias estratégicas com a Renfe [operadora ferroviária espanhola]”, no âmbito da liberalização do mercado ferroviário, em 2019, que obrigará a “ser-se mais competente”.
Em declarações aos jornalistas, após uma visita a uma oficina da EMEF, em Lisboa, o responsável notou que a liberalização do mercado “é já amanhã”, a 01 de janeiro de 2019, e só “quem tem bons argumentos, quem é competente, quem tem boa performance e condições de gestão singrará no mercado”.
O Governo “não pode fazer grande coisa, não pode proteger o setor, a DGcom não deixa [direção de concorrência da União Europeia]”, pelo que a CP “tem que fazer o seu melhor”, disse o presidente da CP, enumerando “parcerias estratégicas com a Renfe, ter melhor material circulante, ter pessoal motivado e focado e alinhado”. “Temos que ser mais competentes”, sublinhou.
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