Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt

A COP30, realizada no Brasil, conseguiu apenas avanços parciais na transição energética, após semanas de negociações tensas. O financiamento para países em desenvolvimento foi triplicado, mas o desflorestamento e minerais críticos ficaram de fora do acordo final.

O mundo deu um pequeno passo em direção ao fim da era dos combustíveis fósseis no sábado, durante a Cop30, mas insuficiente para evitar os efeitos mais graves das alterações climáticas. Os países reunidos no Brasil durante duas semanas conseguiram apenas um acordo voluntário para iniciar discussões sobre um eventual abandono dos combustíveis fósseis, alcançando este progresso incremental apesar da forte oposição de nações produtoras de petróleo.

As negociações estiveram à beira do colapso, sendo retomadas numa sessão noturna que se prolongou até sábado de manhã, depois de um intenso impasse entre uma coligação de mais de 80 países desenvolvidos e em desenvolvimento e um grupo liderado pela Arábia Saudita, aliados e Rússia.

Apesar da deceção de ativistas ambientais, houve algum alívio por se ter conseguido algum avanço. Os países em desenvolvimento viram parcialmente atingido o seu objetivo de triplicar o apoio financeiro de nações ricas para enfrentar os impactos da crise climática. Serão disponibilizados 120 mil milhões de dólares por ano para adaptação, dos 300 mil milhões prometidos por países desenvolvidos no ano passado, mas apenas a partir de 2035, em vez do limite de 2030 exigido. Muitos esperavam que este aumento fosse adicional aos 300 mil milhões já prometidos.

O plano de ação para a redução do desflorestamento foi retirado do acordo final, uma grande desilusão para os defensores da natureza no que ficou conhecido como a “Cop da Floresta Tropical”, realizada em Belém, perto da foz do rio Amazonas.

O acordo final, firmado por 194 países – excluindo os Estados Unidos, que não enviaram delegação –, foi concluído de madrugada, após 12 horas de negociações contínuas entre ministros em salas de conferência desertas, e finalizado numa reunião de encerramento às 13h35, depois de se terem evitado derrapagens no dia anterior.

O texto final abordou também os esforços para limitar o aquecimento global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, mas de forma menos robusta do que os países vulneráveis esperavam. Em vez de condenar os países por não cumprirem as metas, foi criado um programa “acelerador” para lidar com a lacuna nas Contribuições Nacionalmente Determinadas, com relatório previsto para a próxima Cop, na Turquia.

O acordo reconheceu a “transição justa”, apoiando trabalhadores afetados pela mudança para energia limpa, mas disposições-chave sobre minerais críticos foram bloqueadas pela China e pela Rússia, devido a abusos de direitos humanos em alguns países.

As negociações de alto nível começaram com um cimeira organizada pelo presidente brasileiro Lula da Silva, com cerca de 50 chefes ou vice-chefes de Estado, e foram marcadas por eventos como o impacto do furacão Melissa e um incêndio que forçou evacuações no centro de conferências. Mais de 80 países apoiaram a transição dos combustíveis fósseis, mas foram bloqueados por países que se opuseram à medida, deixando o compromisso final como voluntário.

Ativistas alertaram que, apesar de avanços modestos, a falta de financiamento e de medidas concretas continua a atrasar mudanças urgentes em florestas e combustíveis fósseis, essenciais para enfrentar a crise climática global.

___

A sua newsletter de sempre, agora ainda mais útil

Com o lançamento da nova marca de informação 24notícias, estamos a mudar a plataforma de newsletters, aproveitando para reforçar a informação que os leitores mais valorizam: a que lhes é útil, ajuda a tomar decisões e a entender o mundo.

Assine a nova newsletter do 24notícias aqui.