“Lembro aos militares dos EUA que a grande visibilidade sobre o envio do submarino nuclear estratégico e outros ativos estratégicos podem enquadrar-se nas condições de utilização de armas nucleares, conforme especificado na legislação em vigor na RPDC (República Popular Democrática da Coreia) sobre a política de força nuclear”, afirmou o ministro da Defesa norte-coreano, Kang Sun Nam.

“Como os ‘gangsters’ dos EUA e da “ROK” [Coreia do Sul] ultrapassaram a ‘linha vermelha’ com a sua histeria militar, agora é a hora de a RPDC deixar claro mais uma vez a sua escolha de ação correspondente e a direção de resposta”, afirmou o ministro, num comunicado divulgado pela agência de notícias norte-coreana KCNA.

Segundo o ministro norte-coreano, “a situação de segurança militar na área da península coreana, que sofreu uma mudança fundamental devido aos movimentos militares temerários dos EUA e seus seguidores, indica mais claramente que missão devem realizar as armas nucleares da RPDC”.

“Os militares dos EUA devem perceber que os seus ativos nucleares entraram em águas extremamente perigosas”, ameaçou o ministro norte-coreano.

“As forças armadas da RPDC cumprirão com responsabilidade a sua importante missão de defesa da soberania, integridade territorial e interesses fundamentais do país e de prevenção de uma guerra nuclear na península coreana e na região do nordeste da Ásia, dissuadindo e repelindo completamente as loucas manobras dos EUA e dos seus lacaios para utilizar armas nucleares na península coreana”, afirmou Kang Sun Nam.

A Coreia do Norte disparou na quarta-feira dois mísseis balísticos de curto alcance em direção ao mar do Japão, numa aparecente resposta à chegada do submarino norte-americano carregado com armas nucleares à Coreia do Sul.

Os lançamentos da Coreia do Norte ocorreram poucas horas depois da primeira reunião do chamado Conselho de Consulta Nuclear (NCG) entre Seul e Washington.

Após a sessão, o coordenador para o Indo-Pacífico do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Kurt Campbell, anunciou a chegada a Busan, cerca de 350 quilómetros a sudeste de Seul, do submarino USS Kentucky, um submarino de propulsão atómica com capacidade para transportar armas nucleares, o primeiro deste género a visitar a Coreia do Sul em cerca de 40 anos.

Quer a criação do NCG, quer o envio do submarino foram acordados em abril, com a assinatura da Declaração de Washington pelos presidentes dos EUA e da Coreia do Sul, Joe Biden e Yoon Suk-yeol, respetivamente.

No documento, os EUA prometem reforçar a chamada “dissuasão estendida”, através da qual protege o seu aliado e procura desencorajar Pyongyang de continuar com o desenvolvimento de armas de destruição em massa.

O Ministério da Defesa Nacional da Coreia do Norte já tinha condenado o plano dos EUA de enviar o submarino para a Coreia do Sul.

Depois, Kim Yo-jong, irmã do líder Kim Jong-un, acusou os EUA de realizar incursões no espaço aéreo norte-coreano e, em 12 de julho, o regime lançou o seu mais sofisticado míssil balístico intercontinental (ICBM), o Hwasong-18.

O teste foi condenado pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

A ONU destacou que o míssil testado na semana passada aterrou nas águas da zona económica exclusiva da Rússia e que aqueles 75 minutos supõem potencialmente o voo mais longo desse tipo de míssil entre todos os já testados pelo Exército norte-coreano.

Os lançamentos de quarta-feira ocorreram também depois de um soldado dos EUA ter cruzado a fronteira com a Coreia do Norte, durante uma visita turística, estando atualmente detido.