Em declarações à agência Lusa, Francisco Lampreia explicou que “já tinha acontecido” a Loja Social daquela entidade “apoiar um grupo de mais de 100 pessoas, em janeiro”, numa situação de falta de trabalho nas estufas localizadas na região, mas nos últimos dias já recorreram à ajuda “mais de 300” imigrantes.
“Eles passam a palavra e, neste momento, com a cerca sanitária, que não lhes permite ir trabalhar, a situação piora. Têm de pagar as rendas aos senhorios e mais outras coisas que se ouve por aí falar, das máfias que lhes cobram fortunas para os legalizar e não conseguem”, comentou o autarca.
A Loja Social da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes apoia a população carenciada da freguesia através de “um banco alimentar que distribui cabazes”, mas também “roupas que são doadas, lavadas, passadas a ferro e entregues, utensílios para casa” e também este tipo de “ajuda de emergência”.
No entanto, os migrantes que chegam à loja, procuram apenas “comida, comida, comida”, frisou Francisco Lampreia.
“O que lhes damos são bens não perecíveis, como azeite, óleo, massa, arroz, alguns enlatados, leite, farinha, açúcar. Depois, quando temos donativos de frescos, fazemos também essa distribuição. Ontem [quinta-feira] distribuímos ervilhas e alguns legumes”, precisou.
Os bens têm sido doados por uma empresa agrícola da região, mas sobretudo pela Associação Casas Brancas, um “grupo de empresários de turismo” do concelho de Odemira que, “apesar de sofrerem há bastante tempo com a pandemia, têm sido solidários e conseguido ajudar”.
“Conseguiram reunir cerca de 1.200 quilos de comida para distribuir”, contabilizou o presidente da Junta, sem conseguir precisar, no entanto, a quantidade exata de alimentos que foram distribuídos ao longo da última semana.
Por outro lado, o aumento de procura registado nos últimos dias obrigou a Junta de Freguesia a ‘pedir reforços’ noutras fontes.
“O lar de Salir tinha produtos em excesso do Banco Alimentar e fomos lá buscar bastantes produtos. Fica um pouco longe, mas valeu a pena”, desabafou Francisco Lampreia.
As freguesias de Longueira-Almograve e São Teotónio, no concelho de Odemira, ao qual pertence também Vila Nova de Milfontes, estão em cerca sanitária desde a semana passada por causa da elevada incidência de covid-19 entre os imigrantes que trabalham na agricultura na região.
Na quinta-feira, em Conselho de Ministros, o Governo decidiu que a cerca sanitária aplicada nas freguesias de São Teotónio e Longueira-Almograve vai manter-se, mas com "condições específicas de acesso ao trabalho" a partir de segunda-feira.
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