Em comunicado, o partido diz que a "condução instável e errática" da vacinação das crianças e jovens traz uma instabilidade que acaba "por prejudicar gravemente a confiança dos pais, dos professores e da comunidade educativa em geral, numa fase em que estamos perto do início de mais um ano escolar".
"O Chega lamenta ainda a pressão política evidente, quer do Governo, quer de outros protagonistas do espaço público, no sentido de condicionar decisões que deveriam ser tomadas de acordo com critérios técnicos e científicos", acrescenta.
A posição do partido de André Ventura surge um dia depois de a Direção-Geral da Saúde (DGS) ter recomendado a vacinação universal das crianças e jovens entre os 12 e os 15 anos, que deixou de ficar circunscrita a situações específicas, como os casos em que têm doenças de risco.
O anúncio foi feito em conferência de imprensa pela diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, que explicou que a DGS não esteve “surda nem cega” ao que foi dito sobre a vacinação dos adolescentes, mas salientou que esta decisão tinha de basear-se num parecer técnico.
A DGS tem um grupo interno que também trabalha a área das vacinas e das doenças infecciosas e, se a recomendação da Comissão Técnica de Vacinação “for bem sustentada, bem baseada como tem sido”, a DGS acata essa recomendação e foi o que aconteceu desta vez, explicou.
No dia 30 de julho, quando a DGS emitiu o primeiro comunicado, considerou que “não havia ainda a totalidade dos dados que dessem segurança para recomendar de forma universal a vacinação desta faixa etária”.
“Nós temos que estar certos à data, com o que sabemos, com os dados que temos, que os benefícios superam os riscos e que esses riscos são conhecidos, são controlados, são mínimos, têm um caráter e uma evolução benigna e são extremamente raros e, há 10 dias, faltava-nos alguma informação, nomeadamente gerada na União Europeia”, disse.
Além da direção nacional do Chega, a decisão da autoridade de saúde mereceu já uma posição do líder do CDS, que disse esperar que a “súbita alteração de posição” da DGS sobre a vacinação de crianças entre 12 e 15 anos “radique em novos dados científicos” e não em “eventuais pressões do Governo”.
“A recomendação da Direção-Geral de Saúde relativamente à vacinação do grupo etário entre os 12 e os 15, fora dos casos de comorbilidade conhecidas, constitui uma mudança da posição tomada, pela mesma DGS, há poucos dias atrás. Espera-se, contudo, que tal súbita alteração de posição radique em novos dados científicos e não em eventuais pressões do Governo”, lê-se numa mensagem de Francisco Rodrigues dos Santos.
Depois do anúncio da decisão da DGS, na terça-feira, o primeiro-ministro, numa mensagem publicada na sua conta oficial na rede social Twitter, veio dizer que estava tudo "a postos" para garantir a vacinação das crianças e jovens entre os 12 e os 15 anos antes do ano letivo.
“As vacinas foram compradas, a logística aprontada e o calendário definido: os jovens entre 12 e 17 anos podem ter vacinação completa até 19 de setembro”, apontou.
A covid-19 já matou em Portugal, desde março de 2020, 17.502 pessoas e foram registados 990.293 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.
Segundo os últimos dados oficiais, Portugal já tem 62% da população com vacinação completa contra a covid-19 e 71% com pelo menos uma dose administrada, com os maiores de 65 anos quase totalmente vacinados.
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