Segundo a instituição, que fatura 11 milhões de euros por ano e representa 5.000 associados, um dos aspetos que mais se destaca é o atraso na plantação das novas vinhas, que estava prevista para esta altura do ano, devido "às dificuldades de fornecimento de material vegetativo proveniente de Itália”.

Além disso, sinalizou, "as pessoas não se querem expor, o que trará prejuízos para a instituição".

A preocupação da doença "deixa as pessoas transtornadas e com alguma falta de discernimento na resolução dos problemas das suas explorações", referiu também.

Ainda como exemplo das dificuldades atuais indica-se que a instituição tinha encomendado 100 mil garras de espargo a Espanha, que não chegaram, o que vai impedir novas plantações este ano.

"Com o atraso nas plantações de vinhas, quivis, espargo, batata e milho deixaremos de vender os adubos e os fertilizantes. Além da diminuição da faturação, poderemos ter no final da campanha menos uvas, menos quivis, menos espargos, menos batatas e milho grão", prosseguiu.

Questionado sobre as vendas de quivis (Felgueiras é o maior produtor nacional), refere que as exportações para Espanha, o principal mercado, para já mantêm-se, mas desconhece como vão evoluir os preços face à pandemia que também afeta aquele país.

Em relação ao vinho verde, outro produto que tem Felgueiras como um dos maiores produtores e exportadores do país, espera-se que haja quebras nas vendas no mercado nacional, face ao encerramento de muitos restaurantes e outros estabelecimentos.

"Estamos ainda na expectativa em relação à forma como se vão comportar os mercados internacionais", ressalvou o dirigente.

A Cooperativa Agrícola de Felgueiras tem em funcionamento uma grande superfície comercial destinada à venda de produtos do setor, à qual recorrem diariamente centenas de associados, de vários concelhos da região.

"Continuamos abertos com horário reduzido, com rotatividade de colaboradores, mas a cumprir com todas as obrigações que temos com os nossos associados", explicou, referindo haver "uma afluência maior, esta semana, para comprar produtos para reserva, no caso de uma maior limitação de circulação".

Questionado sobre o futuro, o dirigente, respondeu: "Como estamos no setor primário, que é essencial para a sobrevivência, esperamos que não aconteça uma grande quebra, mas iremos sofrer, como todas as atividades".

Admitiu ainda preocupação com a possibilidade de aumentar o desemprego na região e a falta de dinheiro, "pois os pequenos negócios vão sofrer e a economia vai abrandar bastante".

Como nota final, o responsável deixou um apelo ao consumo de produtos nacionais, para "minimizar a crise económica dos empresários agrícolas portugueses”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.