“A CP será ressarcida até ao último cêntimo do que hipoteticamente poderá vir a perder. Até pode ganhar se aumentarmos a base de pagantes, até podemos reequilibrar as contas”, afirmou o governante aos jornalistas na Estação de Santa Apolónia, em Lisboa, no dia em que arranca o Passe Ferroviário Verde.
A Comissão de Trabalhadores da CP considerou, em 08 de outubro, que a compensação prevista pelo Governo para a empresa pelo novo passe, de 18,9 milhões de euros, é insuficiente, uma afirmação que levou a “surpresa e repúdio” por parte do presidente da CP, Pedro Moreira, e afirmando que esse valor foi calculado com rigor pela empresa.
O ministro disse que esta medida foi lançada em coordenação com a CP e com cálculos de procura, pelo que considerou que o aumento da procura que haverá será acomodável, mas também afirmou que é conhecido que a empresa precisa de mais comboios.
Sobre a impugnação do concurso para a compra de 117 comboios pela CP, Pinto Luz adiantou que os advogados da CP estão a tentar que rapidamente esses comboios estejam operacionais.
“[O Governo anterior, PS] fez o maior concurso público para aquisição de comboios jamais feito em Portugal, 117 comboios novos, que estão parados em tribunal numa litigância que dura há mais de um ano. Por todos os meios, a CP está a tentar libertar-se desse espartilho e andar para a frente com essa aquisição”, declarou.
Questionado sobre as críticas de operadores rodoviários a este passe, o ministro disse que o seu ministério é claro no objetivo de que quer menos pessoas a andar em transporte rodoviário e mais a andar de comboio, em linha com a estratégia ambiental europeia.
“Eu quero menos pessoas a andar de autocarro e mais a andar de comboio, não tenham dúvidas. O que aconteceu nas últimas décadas por falta de investimento na ferrovia? Os autocarros aumentaram de sobremaneira nas ultimas décadas. Nós temos de ter mais concidadãos nossos a utilizar ferrovia”, disse Pinto Luz.
O passe ferroviário de 20 euros mensais entra hoje em vigor, para residentes no país, nos serviços CP Intercidades (2.ª classe), Regionais, InterRegionais (2.ª classe), Urbanos de Coimbra e Urbanos de Lisboa e Porto fora da área metropolitana.
A utilização do Passe Ferroviário Verde, de 20 euros mensais, nos Intercidades prevê a reserva obrigatória de lugar com antecedência máxima de 24 horas, que tem de ser feita nas bilheteiras da CP ou máquinas de venda automática em Lisboa.
Atualmente, um bilhete normal no serviço Intercidades para uma viagem de ida Lisboa — Porto, em segunda classe, custa 26,85 euros, ou seja, menos do que o valor do passe que entra hoje em vigor
Este passe não é válido nos serviços Alfa Pendular e Internacional Celta, nem na primeira classe dos serviços Intercidades e InterRegional.
O novo passe vai permitir andar em todos os comboios urbanos de Coimbra, mas nos de Lisboa e Porto só fora das respetivas áreas metropolitanas.
O passe tem o valor de 20 euros para 30 dias consecutivos de utilização, mas pode também ser adquirido para 60 e 90 dias, por 40 e 60 euros, respetivamente, e é carregado no Cartão CP que, segundo o ‘site’ da transportadora, tem um custo de seis euros (três euros para estudantes).
O arranque hoje deste passe foi marcado com uma viagem do ministro das Infraestruturas, que adquiriu o seu passe na Estação de Santa Apolónia e fez depois uma viagem até Santarém, acompanhado de jornalistas.
Ainda nas declarações aos jornalistas, o ministro disse que o atual passe ferroviário (de 49 euros e que não incluía intercidades) tinha uma média de passes mensal de 2.600 apenas, pelo que, sem indicar um objetivo mensal, disse que espera que esse valor vá “duplicar, triplicar numa primeira fase.”
O Governo estima que este novo passe abranja 29,9 milhões de passageiros.
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