A decisão foi tomada “por consenso” na reunião extraordinária do Comité de Concertação Permanente, em que os representantes dos nove países-membros analisaram as consequências da passagem do Idai e debateram “propostas para ajudar a mitigar a tragédia”.

Eurico Monteiro sublinhou que “os Estados-membros aderiram muito rapidamente à convocatória e rapidamente chegaram a um consenso” para que a CPLP “contribuísse de forma significativa” para apoiar a população moçambicana, o que se irá traduzir num fundo especial ainda sem um montante definido.

“Ainda não podemos apurar o montante, isso está dependente dos próprios Estados. A decisão que tomámos foi a de criação do fundo”, adiantou o responsável da CPLP, acrescentando que os fundos vão ser libertados de acordo com a disponibilidade dos Estados-membros.

Eurico Monteiro garantiu que isso vai acontecer “nos próximos dias”.

Na próxima reunião do Comité de Concertação Permanente da CPLP, agendada para o dia 28 de março, vão ser definidas as regras relativas ao fundo, cuja aplicação e gestão vai ser coordenada pelas autoridades moçambicanas.

O secretário-executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Telles, afirmou que também os 18 países com estatuto de observador vão ser chamados a contribuir para o fundo.

“Vamos associar os países observadores da CPLP a este esforço, endereçarei cartas aos países associados a solicitar a sua contribuição para este fundo”, explicou.

Vai ser também ativada a comissão temática para a saúde, “no sentido de preparar e desenvolver esforços para em coordenação com as autoridades moçambicanas acudir a situações de emergência, nomeadamente a nível da malária e da cólera”, continuou.

Os Estados-membros vão também discutir a criação de uma força conjunta no domínio da proteção civil para dar resposta a problemas dessa natureza, na próxima reunião ministerial em abril.

O embaixador moçambicano em Lisboa, Joaquim Bule, lamentou as “dimensões dramáticas” da catástrofe e agradeceu a solidariedade dos países da CPLP que permite "estar firme para enfrentar o futuro com esperança”.

Admitiu, no entanto, que a ajuda humanitária “é insuficiente” face aos efeitos do ciclone, mas salientou que “está a chegar” à medida do que é possível, tendo em conta as condições de segurança e o quadro de coordenação que foi definido.

O balanço provisório da passagem do ciclone Idai é de 557 mortos, dos quais 242 em Moçambique, 259 no Zimbabué e 56 no Maláui.

O ciclone afetou pelo menos 2,8 milhões de pessoas nos três países africanos e a área submersa em Moçambique é de cerca de 1.300 quilómetros quadrados, segundo estimativas de organizações internacionais.

A cidade da Beira, no centro litoral de Moçambique, foi uma das mais afetadas pelo ciclone, na noite de 14 de março, e a ONU alertou que 400.000 pessoas desalojadas necessitam de ajuda urgente, avaliada em mais de 40 milhões de dólares (mais de 35 milhões de euros).

Mais de uma semana depois da tempestade, milhares de pessoas continuam à espera de socorro em áreas atingidas por ventos superiores a 170 quilómetros por hora, chuvas fortes e cheias, que deixaram um rasto de destruição em cidades, aldeias e campos agrícolas.

As organizações envolvidas nas operações de socorro e assistência humanitária têm alertado para o perigo do surto de doenças contagiosas.

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