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Depois do rei Carlos III retirar os títulos ao irmão, o príncipe André, a relação entre ambos parece longe de qualquer laço de fraternidade. Mas, como lembra a história, estes estão longe de ser os primeiros irmãos a afastar-se.

Inspirado nestes dois irmãos desavindos, o jornal britânico The Guardian lembrou hoje alguns dos conflitos entre irmãos mais famosos de todos os tempos — de figuras bíblicas a estrelas do rock.

Caim e Abel

Talvez o exemplo mais conhecido de rivalidade entre irmãos venha da Bíblia: Caim e Abel, os dois primeiros filhos de Adão e Eva.
Segundo o Livro do Génesis, Caim, agricultor, invejou o irmão Abel, pastor, porque Deus preferiu o sacrifício de um cordeiro oferecido por Abel ao seu próprio sacrifício de frutos.

Tomado pelo ciúme, Caim atraiu o irmão para um campo e matou-o. Quando Deus lhe perguntou onde estava Abel, respondeu: “Sou eu o guardião do meu irmão?”.

Como castigo, foi condenado a abandonar a agricultura e a vaguear pela Terra com o ‘sinal de Caim’, símbolo da sua culpa. Apesar de lamentar a punição, nunca mostrou arrependimento, e viveu o resto dos seus dias na terra de Node com a mulher e o filho.

Jorge VI e Eduardo VIII

A rivalidade entre os irmãos Eduardo VIII e Jorge VI começou quando Eduardo abdicou do trono, em 1936, para casar com a divorciada americana Wallis Simpson.

O irmão mais novo, Jorge, tornou-se rei, e recusou conceder a Wallis o título de Sua Alteza Real, o que lhe teria garantido privilégios reais.

Em 1937, o duque e a duquesa de Windsor visitaram a Alemanha nazi e jantaram com altos dirigentes do regime, incluindo Goebbels, Göring e Ribbentrop, tendo ainda tomado chá com Adolf Hitler.

Em 1940, o primeiro-ministro Winston Churchill escreveu ao presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt a informar que a posição do duque estava a causar “embaraço” ao rei. Eduardo foi então afastado do Reino Unido e nomeado governador das Bahamas.

Os irmãos quase nunca mais se voltaram a encontrar. Eduardo afirmou, numa entrevista em 1970, que ofereceu os seus serviços ao rei após a guerra, mas que o irmão recusou.

Nunca votou a viver no Reino Unido e não foi convidado para a coroação de Isabel II.

Rudolf e Adolf Dassler

Antes de criarem as marcas Puma e Adidas, os irmãos Rudolf e Adolf Dassler partilhavam uma fábrica de calçado desportivo na pequena cidade alemã de Herzogenaurach, fundada em 1924.

Os sapatos produzidos pelos Dassler ganharam fama mundial quando Jesse Owens usou um dos seus modelos e venceu quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ambos aderiram ao partido nazi e, no pós-guerra, acabaram a testemunhar um contra o outro nos tribunais de desnazificação.

A parceria terminou em 1948: Adolf criou a Adidas (junção de Adi e Dassler), enquanto Rudolf fundou a Ruda, que mais tarde passaria a chamar-se Puma.

A rivalidade entre as duas empresas dividiu por completo a cidade, onde até os casamentos entre funcionários das duas marcas eram desencorajados. Herzogenaurach ficou conhecida como “a cidade dos pescoços curvados”, porque as pessoas olhavam sempre primeiro para os sapatos dos outros antes de falar.

Quando morreram, nos anos 1970, foram enterrados em extremos opostos do cemitério da cidade.

Liam e Noel Gallagher

A rivalidade dos irmãos Gallagher, fundadores dos Oasis, é uma das mais famosas da música moderna.

Em 2009, durante o festival Rock en Seine, em Paris, Liam Gallagher terá partido a guitarra vermelha Gibson do irmão, o que levou Noel a abandonar a banda, afirmando que “simplesmente não podia continuar a trabalhar com Liam nem mais um dia”.

Noel chegou a acusar o irmão de tentar atacá-lo com a guitarra, descrevendo-o como alguém que a balançava “no ar como um machado”. O instrumento foi mais tarde vendido em leilão por 325 mil libras.

Os insultos e provocações entre ambos tornaram-se lendários — desde Liam chamar “batata” ao irmão nas redes sociais até à entrevista em que Noel afirmou: “Eu gostava da minha mãe até ela dar à luz o Liam”.

Em 2025, porém, a história ganhou um novo capítulo: os Oasis voltaram a reunir-se para uma digressão mundial de 41 concertos.
Mais recentemente, Noel brincou e informou que a rixa começou porque Liam lhe roubou o ursinho de peluche em 1978, e admitiu: “É ótimo estar de volta à banda com o Liam”.

O que se passou com o ex-príncipe André?

Esta quinta-feira o Palácio de Buckingham confirmou que Carlos III deu início ao “processo formal para remover os títulos e honras do príncipe André”, marcando mais um capítulo no afastamento do Duque de York da vida oficial da família real britânica.

André (Andrew, em inglês) passará agora a ser conhecido como Andrew Mountbatten-Windsor, deixando de usar o título “Sua Alteza Real”.

Além da perda de títulos, o irmão do rei será também obrigado a deixar o Royal Lodge, a residência com 30 quartos situada no parque de Windsor onde vivia há vários anos sem pagar. Segundo o mesmo comunicado do rei, “o contrato de arrendamento da Royal Lodge tem, até à data, proporcionado proteção legal para continuar a residir. Foi agora entregue uma notificação formal para entregar o arrendamento e mudará para um alojamento privado alternativo”.

Recorde-se que esta decisão do rei ocorre após meses de especulação sobre o futuro do irmão, afastado das funções públicas desde 2019 devido ao escândalo ligado ao caso Jeffrey Epstein.

Nas últimas semanas, o Reino Unido foi palco de uma nova vaga de pressão pública e mediática, após surgirem novos relatos sobre a relação do príncipe com o pedófilo Jeffrey Epstein e com um espião chinês.

A acrescentar a esta pressão, foi ainda conhecido um livro de memórias da alegada vítima de André, Virginia Guiffre, a quem este pagou milhões para resolver um caso civil de agressão sexual.

Lembra-se que, quando abdicou dos títulos há cerca de duas semanas, André voltou a reafirmar a sua inocência: “Como já disse anteriormente, nego vigorosamente as acusações que me foram feitas”.

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