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Esta quinta-feira, apresentou oficialmente, a Diella, uma assistente digital que deverá transformar a Albânia “num país onde os concursos públicos são 100% livres de corrupção”.
Diella, que significa “Sol” em albanês, apoia desde janeiro os utilizadores do portal estatal e-Albania, orientando-os por comandos de voz em praticamente todo o tipo de tarefas burocráticas necessárias para aceder a cerca de 95% dos serviços públicos digitais.
Ao longo deste ano, tem ajudado cidadãos a navegar nos serviços governamentais online e por isso, mereceu ser promovida: tornou-se na primeira “ministra” criada virtualmente por inteligência artificial, passando a assumir a pasta dos concursos públicos numa tentativa de reduzir a corrupção, afirmou o primeiro-ministro albanês.
“Diella, a primeira membro do governo que não está fisicamente presente, mas foi virtualmente criada por IA, vai ajudar a tornar a Albânia num país onde os concursos públicos são 100% livres de corrupção”, disse Rama.
Em agosto, o primeiro-ministro albanês já tinha dado pistas
Edi Rama admitia vir a ter “um ministério inteiro gerido por IA, sem nepotismo nem conflitos de interesse”. A frase soa a solução mágica para todos os problemas de governação, mas levanta uma questão inevitável: qual é o preço a pagar quando a inteligência artificial se infiltra em praticamente todas as tarefas de um país?
A pasta da Diella
Ao apresentar a composição do seu quarto governo consecutivo, Rama explicou que Diella (que no portal e-Albania surge representada com traje tradicional albanês) passará a ser “a servidora dos concursos públicos”.
A responsabilidade de decidir os vencedores dos concursos será gradualmente retirada aos ministérios e entregue à inteligência artificial, garantindo que “toda a despesa pública no processo de concurso seja 100% transparente”, acrescentou.
Segundo Rama, Diella irá analisar todos os concursos em que o Estado contrata empresas privadas, avaliando de forma objetiva os méritos de cada proposta. Reeleito em maio, o chefe do governo já tinha defendido a IA como uma ferramenta potencialmente eficaz contra a corrupção, capaz de eliminar subornos, ameaças e conflitos de interesse.
Os concursos públicos têm sido, há décadas, uma fonte de escândalos de corrupção na Albânia, um país que especialistas apontam como centro de operações de redes internacionais envolvidas no branqueamento de dinheiro proveniente do tráfico de droga e de armas, e onde a corrupção atingiu os mais altos níveis do Estado.
A imprensa albanesa elogiou a medida, descrevendo-a como “uma transformação profunda na forma como o governo albanês concebe e exerce o poder administrativo, introduzindo a tecnologia não apenas como ferramenta, mas também como participante ativo na governação”.
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