“Pretendemos denunciar a má gestão dos dinheiros públicos, aquilo que o ministro tinha dito publicamente e que depois foi chamado à Assembleia da República para esclarecer a opinião de que se devia encontrar na lei uma forma de acomodar as multas da Uber”, disse Carlos Ramos, presidente da Federação Portuguesa do Táxi, em declarações à agência Lusa.

A SIC noticiou na terça-feira que os motoristas das plataformas eletrónicas como a Uber ou a Cabify devem 4,6 milhões de euros em multas, desde 2016, adiantando que o Instituto da Mobilidade e dos Transportes registou cerca de 2.300 autos de contraordenação por falta de alvará e angariação de passageiros através da internet.

Segundo o responsável, o Estado teve um prejuízo “da má gestão dos nossos políticos em cinco milhões de euros e o que é estranho é que os partidos que aprovaram na Assembleia da República [a lei] não tiveram o cuidado de acautelar os interesses do Estado”.

Carlos Ramos explicou que foi feito um apelo aos associados das duas entidades do setor para que entupam a caixa do correio do ministro do Ambiente, e de várias entidades, denunciando que estão por “entrar nos cofres do Estado quase cinco milhões de euros de contraordenações passadas” às plataformas.

“Demos conhecimento ao Ministério Público, ao provedor de Justiça, aos partidos, ao primeiro-ministro. Esta preocupação vale o que vale, mas vale muito, transmite um sentimento de revolta”, disse Carlos Ramos.

De acordo com o responsável, as associações exigem “explicações públicas do ministro do Ambiente e do seu secretário de Estado Adjunto” e de forma a que estes “não aleguem desconhecimento, como é hábito nos referidos senhores, o vídeo da reportagem da SIC está em réplica a invadir a caixa de correio do ministério do Ambiente”.

“Ao contrário do que o ministro veio dizer que os táxis tinham privilégios, [têm] direitos. Quem está a permitir privilégios é o ministro e o secretário de Estado e o Governo em geral como é possível num país destes”, afirmou.

Segundo Carlos Ramos, “cinco milhões é um terço daquilo que o Estado precisa para colocar de pé o pavilhão do norte para as crianças oncológicas".

"Deixa-se desbaratar cinco milhões de euros, deixa-se cair cinco milhões de euros”, questiona, sublinhando que tal “revolta qualquer pessoa que está de boa fé".