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Há uma frase célebre atribuída ao escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe que diz: “A vida é demasiado curta para se beber vinho mau.” Também se pode afirmar que a vida é demasiado curta para se acreditar em mitos sobre vinho.

Entre os mais comuns está a ideia de que o vinho verde é feito de uvas verdes ou que é um vinho de cor esverdeada. Para esclarecer o que é, afinal, o vinho verde, o 24notícias falou com o enólogo Bruno Pinto da Silva e com Paulo Abreu, fundador do projeto digital sobre vinhos Meia Gaiola.

O que é (e não é) vinho verde?

Paulo Abreu é direto, “o vinho verde não é um tipo de vinho, nem é feito de uvas verdes, nem tem cor verde.”

Na verdade, a região dos Vinhos Verdes pode produzir vários tipos de vinho: branco, tinto, rosé e espumante. O que os caracteriza é a origem geográfica. Tal como dizemos “branco do Alentejo”, também se diz “branco da região dos Vinhos Verdes”.

Uma designação com história
Bruno Pinto da Silva, com uma década de experiência na Adega Mayor e atualmente ligado a vários projetos, entre eles a Herdade Amada, do grupo Marvanejo, explica que  “vinho verde” é uma denominação de origem. A região, situada no noroeste de Portugal, é oficialmente conhecida como Região Demarcada dos Vinhos Verdes.

A origem do nome remonta ao século XVIII. Nessa altura, a terra era escassa e a prioridade agrícola passou a ser o cultivo de milho e batata. A vinha, com falta de espaço, começou a crescer em altura, através de métodos como arjões (sistema onde as videiras são conduzidas em postes ou arames em estruturas elevadas), a ramada, a latada ou até apoiada em árvores. Esta forma de cultivo dificultava a maturação das uvas, resultando em vinhos com alta acidez e baixo teor alcoólico. O enólogo resume o vinho verde com uma frase do colega Anselmo Mendes: “foi um acidente feliz com três séculos de história.”

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Evolução da viticultura e dos estilos
Durante o século XX, após a devastadora praga da filoxera, os vinhedos passaram a adotar formas baixas. Com o avanço do conhecimento científico sobre as condições do solo e clima (edafoclimáticas) e a fisiologia da videira, a região passou a produzir uvas com maior maturação e qualidade.

Hoje em dia, a oferta é vasta:“existe um espectro cada vez mais diversificado de vinhos: brancos, rosés e tintos, tranquilos ou gaseificados, e até fortificados ou licorosos”, afirma Bruno Pinto da Silva.

Vinhos verdes à mesa: versatilidade e sofisticação
Para além da sua diversidade, os vinhos verdes são altamente versáteis na gastronomia.

“Os vinhos verdes de hoje têm uma plasticidade incrível. Acompanham estilos de cozinha tão diversos como o clássico, o rústico, o sofisticado ou o contemporâneo”, garante o enólogo. Um branco leve e tenso liga bem com ostras ou vieiras à beira-mar. Um tinto pode ser o par ideal de uma lampreia à bordalesa. Um rosé, com a sua frescura e acidez, é uma excelente opção para cozinha asiática.

*Editado por Ana Maria Pimentel