“Nesta eleição não votarei no PSD e não participarei de qualquer iniciativa de apoio ao PSD enquanto esta direção estiver à frente deste partido. O Dr. Rui Rio não se cansa de bradar que é ele que manda, acho correto, só que o dono do meu voto sou eu”, escreveu o ainda deputado social-democrata pelo círculo Fora da Europa, numa publicação na sua conta da rede social Facebook.
Contactado pela Lusa, Carlos Páscoa Gonçalves, que é deputado desde 2005 e ficou fora das listas às legislativas de 06 de outubro, rejeita que seja a sua exclusão o motivo da publicação que hoje fez.
“Esta declaração tem a ver com a visita que o presidente do partido fez ao Brasil recentemente, na qual foi recebido pelas estruturas do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Santos, e pela maneira como ele se colocou, não interagindo com a direção das secções, não enviando qualquer informação para as secções”, criticou.
Por outro lado, acrescentou, “todos foram surpreendidos” no Conselho Nacional de 31 de julho com a lista para o círculo da Europa, que repete como cabeça de lista José Cesário, mas atribui o número dois – que vinha sendo ocupado por Carlos Páscoa Gonçalves – a Jerónimo Rodrigues Lopes.
“Um nome que não é conhecido, não é militante, não tinha nenhuma ligação e, de repente, é imposto sem que seja dada uma única palavra, um telefonema, um e-mail da direção do partido para dizer porque agiu dessa forma”, criticou, dizendo que o facto de ele próprio “ficar ou não na lista não faz a menor diferença”.
Na sequência desta escolha, explicou, vários membros das secções do PSD do Rio de Janeiro, São Paulo e Santos demitiram-se dos cargos e várias pessoas o têm vindo a contar “sem saber em quem votar”.
“Eu tenho dito que o voto é livre, vote em quem quiser, eu não votarei no dr. Rui Rio pela forma como ele se apresentou e pela maneira como tratou as comunidades que é uma coisa que achei que já tinha sido superada”, afirmou, justificando a publicação que fez hoje no Facebook.
Carlos Gonçalves não responde se vai votar em outro partido e assegura que não vai sair do PSD, apenas não apoiará a atual direção do partido.
“Na realidade não ficaria bem eu dizer em quem eu votaria, então a forma de transmitir a mensagem, é fazer uma declaração de voto ao contrário”, explicou.
Questionado se esta posição pode beneficiar o PS – que não elege por este círculo desde 1999 e apresenta como cabeça de lista o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva -, o deputado diz não estar preocupado.
“Se pode beneficiar o PS ou qualquer outro partido, talvez até o CDS, eu não estou minimamente preocupado, até porque o presidente do partido declarou que não está preocupado com as posições de muitos dentro do partido (…) Se beneficiar, paciência, o partido é que tem de tomar as decisões certas para que as coisas não aconteçam”, afirmou, lembrando que é fundador do PSD do Rio de Janeiro e ajudou a montar as restantes secções no Brasil.
Questionado se recebeu alguma justificação para não integrar as listas do PSD, Carlos Páscoa reiterou que tal não é o mais importante, mas acabou por responder: “Até hoje não recebi um telefonema, uma mensagem de ninguém do partido, nem de uma secretária ou de alguém da portaria, até hoje zero”, lamentou.
Comentários