"Estamos a prever perto de 15 mil candidatos em 2020, foram perto de 10 mil em 2014. E conseguimos alcançar outra meta que é ter mais candidatos a presidente da Câmara", disse Paulo Marques, presidente da associação Civica e vice-presidente da Câmara de Aulnay sous Bois, em declarações à agência Lusa.
Nas eleições municipais de 2014, foram eleitas cerca de 3.600 pessoas de origem portuguesa um pouco por toda a França, mas a comunidade alerta para a necessidade de uma maior inscrição dos portugueses nos cadernos eleitorais de maneira a dar peso às exigências da comunidade e também a mostrar às listas locais que se estão a formar que é importante ter candidatos de origem portuguesa.
"Se o nosso peso não for mais concreto e se não houver uma reação da comunidade, uma parte das decisões políticas e até a possibilidade de ter mais candidatos portugueses nas listas não vai acontecer. E perdemos mais seis anos", alertou Hermano Sanches Ruivo, presidente da associação Activa e vereador da Câmara de Paris.
Tal como em todas as eleições municipais desde 2001, é possível aos cidadãos da União Europeia votarem nas eleições autárquicas em França que vão decorrer a 15 e 22 de março de 2020 - bastando para isso inscreverem-se na câmara municipal mais perto da sua casa.
Informar sobre esta possibilidade é uma missão que as associações portuguesas estão a levar a cabo através de formas muito concretas. A Civica, quase com 20 anos de atividade em França, e que reúne os eleitos de origem portuguesa, tem vindo a trabalhar nesta questão ao criar um cartão de eleitor com informações em português, mas que também já está traduzido para outras comunidades, como o polaco.
Esta associação tem sido contactada por vários eleitos em todo o país que querem saber mais sobre a comunidade portuguesa existente no seu território, apoiando-se sobre materiais de campanha em português disponibilizados pela Civica.
"A vertente da participação cívica e política é sobretudo focalizada na participação. Há cada vez mais franceses de origem portuguesa mais bem informados, mas fazemos campanhas todo o ano para haver uma forte mobilização", indicou Paulo Marques.
No entanto, e mesmo se as segundas e terceiras gerações já estão mobilizadas e sendo automaticamente inscritas nas listas por terem nacionalidade francesa, há ainda falta de participação de quem tem apenas nacionalidade portuguesa.
"Os números ainda não são bons e algumas cidades são melhores do que outras. Agora só podemos analisar isto de forma geral, quero que as autoridades portuguesas participem na vitória, ou seja, um número de portugueses inscritos nas listas que seja consequente e não os 20% que podemos imaginar", sublinhou Hermano Sanches Ruivo, que através da Activa, associação que também reúne eleitos de origem portuguesa, marcou presença no Salon des Maires, que se realizou em Paris no mês de novembro.
Sem possibilidade de saber de certeza a percentagem de portugueses inscritos, Paulo Marques admite que na comunidade há "esquecimento e afastamento", uma tendência que as autoridades portuguesas em França também querem mudar.
"A participação a nível local é essencial para assegurar uma vasta participação da vida cívica das localidades. A existência de 40 mil empresários em França também devia ser acompanhada por um número crescente dos eleitos a nível das autarquias", disse António Moniz, cônsul-geral de Portugal em Paris.
Este esforço é também acompanhado pelas restantes associações portuguesas. "Muitas vezes ouvimos as queixas da comunidade que diz não ter voz. E aí eu respondo, calma, porque temos também as nossas responsabilidades e temos de ser atores importantes para que a nossa voz seja ouvida e cabe-nos a nós construir a Europa", disse Marie-Hélène Euvrard, presidente da Coordenação das Colectividades Portuguesas de França (CCPF).
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