“Isto não é propriamente moda, mas é uma necessidade usar máscara e assim sempre dá outra aparência, principalmente às senhoras”, disse à agência Lusa Ilídio Gonçalves, proprietário da Gês Bordados – Fabricante e Exportador de Bordado Madeira, com sede no Funchal.
A utilização do bordado nas máscaras começou por ser um adereço amovível – uma flor ou uma borboleta – mas agora estão a ser confecionadas também com motivos bordados diretamente no tecido, sempre a pedido do cliente, como flores, lágrimas ou mesmo patinhas de cão.
“Este é um trabalho que envolve bordadeiras e costureiras, é um processo mais demorado e como tal encarece o produto final. Mas, como somos fabricantes, fazemos o que a pessoa quiser”, explicou Ilídio Gonçalves.
Os tecidos são “finos, frescos e cómodos”, de várias cores também, para “condizer com a roupa”, e as máscaras são fabricadas de acordo com as normas e as medidas indicadas pelas autoridades de saúde, com abertura para o filtro e revestimento em algodão de 140 gramas na parte interior.
“Temos bordadeiras, temos costureiras, todas à espera de trabalho e esta foi uma maneira que encontrámos, embora algumas pessoas achem que [a produção de máscaras nestes moldes] é um exagero, um abuso”, disse o proprietário da Gês Bordados.
O encerramento dos hotéis na Região Autónoma da Madeira, devido à pandemia de covid-19, impôs uma paragem abrupta no negócio dos bordados, considerando que os principais compradores sempre foram os turistas.
“Tudo o que funciona com o turismo ficou muito complicado”, afirma Ilídio Gonçalves, explicando que a produção de máscaras sociais resultou de uma parceria com a empresa Carlos Fotógrafo, também localizada no Funchal e igualmente afetada pelas medidas contenção do novo coronavírus, com o cancelamento de todos os eventos socioculturais, as festas, os casamentos, os batizados e os torneios desportivos.
As duas empresas apostaram, não apenas no bordado Madeira, em que os modelos são únicos, mas também na produção em maior quantidade, vocacionada para entidades coletivas, com a estampagem por sublimação de logótipos.
“Fazemos toda a área do design e estampagem, depois passamos para a Gês Bordados, que desenvolve a máscara, com o trabalho das costureiras e das bordadeiras, e procede também à lavagem e embalagem”, explicou Paulo Fonseca, proprietário da Carlos Fotógrafo.
A produção em série arrancou há duas semanas e o negócio tem “corrido bem”, com “bastante procura” por parte de empresas e particulares, incluindo emigrantes, que encomendam exemplares com motivos ligados à terra, como a bandeira da região autónoma, ou com cores garridas associadas aos grupos folclóricos madeirenses.
“Não é negócio para fazer fortuna, mas vai dando para manter”, declarou Ilídio Gonçalves.
A concorrência surge de várias direções, desde outras empresas do ramo ao fabrico caseiro, passando por entidades públicas, como o Governo Regional da Madeira, que está a distribuir gratuitamente 250 mil máscaras pela população do arquipélago, pelo que o empresário apostou na personalização dos exemplares para marcar a diferença e justificar o preço (a partir de 5,25 euros cada).
“Queremos tentar outros modelos elaborados com bordado Madeira, mas ainda há pessoas que acham que isto é um abuso, um aproveitamento. Penso que um dia vão perceber que não é bem assim, porque isto [a covid-19] não vai passar assim tão cedo”, afirmou.
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