Em declarações aos jornalistas, esta tarde na sede da PJ, no Porto, o diretor PJ do Norte, Norberto Martins, indicou que além das diligências realizadas no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, no âmbito desta operação também foram feitas buscas nas cadeias do Porto, Santa Cruz do Bispo (masculino), Guimarães, Monsanto e Vale dos Judeus.

O esquema consistia na introdução de drogas no estabelecimento prisional, maioritariamente haxixe e cocaína, tendo sido apreendidos também "vários telemóveis" e 20 mil euros em dinheiro.

Os nove detidos correspondem a cinco guardas prisionais, dois deles chefes, um ex-recluso e outras pessoas, nomeadamente familiares envolvidos no esquema.

Além dos detidos que serão presentes quarta-feira a primeiro interrogatório no Tribunal Criminal de Marco de Canavezes, "o processo tem mais de 30 arguidos", informou a PJ do Porto.

Esta operação incluiu 52 buscas em estabelecimentos prisionais, domicílios e espaços comerciais.

Segundo um comunicado da PJ, divulgado esta manhã, as buscas realizadas no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira foram presididas por três magistrados do Ministério Público.

A operação policial, que ocorreu no âmbito de inquéritos titulados pelo DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Porto Este-Penafiel, deu também cumprimento a seis mandados de detenção.

Em investigação estão crimes de tráfico de droga e corrupção e a investigação teve início em 2017, sendo que as detenções foram efetuadas seis por mandato e três na sequência das buscas.

"A investigação pode ter sensivelmente dois anos, mas o esquema proporcionou mais-valias interessantes [não quantificadas para já] ao longo de muitos anos a quem dele usufruiu e participou", disse o coordenador, Avelino Lima.

Já o diretor PJ do Norte, Norberto Martins, apontou, sem especificar números, que "mais de uma dezena de reclusos usavam este esquema" em Paços de Ferreira e revelou que os telemóveis foram apreendidos nas celas do restabelecimento prisional.

Norberto Martins descreveu também que no âmbito da "Entre-Grade", nome dado à operação, foi também constituído arguido um preso que, entretanto, estaria para sair da cadeia, tendo sido decretada a sua prisão preventiva e do total de guardas prisionais envolvidos, um deles está já aposentado.

"As contrapartidas eram quantias monetárias", referiram os responsáveis da PJ que, questionados sobre valores específicos, apontaram para "valores elevados" até porque, disseram, "num estabelecimento prisional todos os valores são muito inflacionados", admitindo que alguns dos envolvidos "começaram a apresentar, ao fim de algum tempo, comportamentos e sinais de riqueza suspeitos".

Quanto aos detidos que são familiares de reclusos, estes funcionavam como "retaguarda" do esquema.

"Consideramos que decorreu uma investigação abrangente e incisiva. Há aqui realidades de meia dúzia de anos seguramente", resumiu Avelino Lima, enquanto Norberto Martins apontou que "a investigação vai continuar" porque "há muita coisa a fazer".

"Mas parte substancial do tráfico em Paços de Ferreira, querermos crer que está identificado e o seu esquema concluído", concluiu.

[Notícia atualizada às 18h19]